Passageira na poltrona e as cortinas balançando
Na bagagem uma gaveta aberta
Num trem azul e você na cabeça filmando tudo da janela lateral
Variações do clima e a terra em transe, em chamas, clama
Em trânsito, enquanto gira em torno de si
Outros sóis
Nascem das mãos do pintor
Velórios de Frida
Música fria
Deságua na estação local
O tempo é líquido e é ele quem manipula o sintonizador
Vento, que sopra ponteiros
Vultos que cortam porteiras
Pra uns sou similar a versos sobre neve
Mas prefiro ser nuvem, livre, nômade
Quando passa o inverno
E o efeito do veneno
No verão eu hiberno
Corações se aquecem
Estações se repetem
Eterno retorno
Vivemos um ciclo
Andamos em círculo
Sabe aquela pessoa que é só inverno
Que ainda vive o mundo moderno
Que não conhece o inferno
Esses jamais verão
O trem partir da estação
Enquanto o sol se põe no solstício
Experimentar jamais será desperdício
Entre Urano e Gaia
Muitos caíram na gandaia
Se levantaram na maracutaia
Poucos atravessaram a baía de catraia
Passaram-se muitos outonos
O dono do tempo é Chronos
Tolos caem pelos tronos
Sem se importar com as flores da primavera
Que já se foi
Mas quando era
Era obra prima
Palavra é substância
Matéria prima
Que se apruma em forma de rima
Quando passa o inverno
E o efeito do veneno
No verão eu hiberno
Corações se aquecem
Estações se repetem
Eterno retorno
Vivemos um ciclo
Andamos em círculo