Toda vez que eu viajava pela Estrada de Ouro Fino De longe eu avistava a figura de um menino que corria abrir a Porteira e depois vinha me pedindo: - Toque o berrante seu moço que é pra eu ficar ouvindo Quando a boiada pa**ava e a poeira ia baixando Eu jogava uma moeda e ele saía pulando: - Obrigado boiadeiro, que Deus vai lhe acompanhando Pra aquele sertão à fora meu berrante ia tocando Nos caminhos desta vida muitos espinhos encontrei Mas nenhum calor mais fundo do que isso que eu pa**ei A minha viagem de volta qualquer coisa eu cismei Vendo a porteira fechada e o menino não avistei
Apeei do meu cavalo e no ranchinho à beira chão Ví uma mulher chorando, quis saber qual a razão - Boiadeiro veio tarde, veja a cruz no estradão! Quem matou o meu filhinho foi um boi sem coração! Lá pras bandas de Ouro Fino levando gado selvagem Quando pa**o na porteira até vejo a sua imagem Seu rangido tão triste mais parece uma mensagem Daquele rosto trigueiro desejando-me boa viagem A cruzinha no estradão do pensamento não sai Eu já fiz um juramento que não esqueço jamais Nem que meu gado estoure, e eu precise ir atrás Neste pedaço de chão berrante eu não toco mais