[Verso 1]
Mas só de ter nascido, ser criado onde fomos
Marcas na pele, feridas da vida mostra quem somos
Os pés no chão do solo fértil condenado da favela
Me alimentou, cresci mais forte, tenho sonhos
Na terra suja da grana que o povo tá incluído
Ta vendo que tá tudo errado e não toma uma providência
Encarando de olhos vidrados com a faca e queijo na mão
Com a razão, mesmo a**im deixam por isso
Criado dentro do jogo de armas, terços e vozes
Entre o certo e o errado, a mentira e a verdade
Trancado num cativeiro da prisão
Que te da direito a todo liberdade de viver sem ter paz
Às vezes não se sabe o que faz na vida
Quase que eu fico pra trás
Criado pra seguir leis e de encontro ao abismo escuro
Empurrado pra dentro do crime
Ser mais um dentro os demais
[Refrão: Felp]
Na vida foi perrengue demais
Na vida uns tem pouco e outros tem mais
Na vida é sofrimento demais
Na vida seu caminho é você quem faz
Na vida foi perrengue demais
Na vida uns tem pouco e outros tem mais
Aquele que é capaz de enxergar, então grita:
Não vamos morrer sem lutar
[Verso 2]
Nascido e criado no beco da Meno
Na favela o sol nasce mais cedo
Poeta de banco da praça
Aqui meu castelo é um quartin com banheiro
Desde pequeno pa**ando veneno
Crescendo e aprendo em porta de barraca
Vendo os comédia perdendo na ronda
Todo dinheiro da conta da casa
As mulher casada bebendo cachaça
Dançando lambada com roupa curta
Playboy afundando a napa
Esticando o pó na mesa de sinuca
Nego achava que me enganava
Eu fingia que não entendia
Policia chegava o baila acabava
Alguém avisava meu pai se escondia
Dói lembrar minha mãe na cozinha
Sozinha comendo arroz e feijão
Vida pra mulher solteira
É criar quatro filhos sem faltar o pão
Pagava conta, segurava bronca
Quando meu pai atrasava pensão
Me falava que forte era Deus
A gente tinha que ser disposição
Um galinheiro tinha no terreiro
Muito humilde era nosso barraco
Balde espalhado pra todos os lado
Pra segurar goteira no telhado
Via minha mãe procurando a igreja
Enquanto meu pai vivia procurado
Minha irmã mais nova nasceu
Veio o homem da casa com pais separados
[Refrão]
[Verso 3]
Vai lá e mostra na prática até o que o teu próprio irmão duvidou
As suas mão calejada, o rosto abatido, o sentimento de dor
A vida em comunidade, poucos recursos, os tombo que tu levou
Foi tua escola, te consagrou
Não é nova, lá pega as caneta, entope o oitão
Sai do gueto e vai pra ta laje e pensa no mundo cruel
Transforma isso em poesia, a voz que diz que tu é bom
Tudo isso estava escrito no céu
[Refrão]