Nas diurnas
Nas noturnas
Um cigano vagabundo
Um clown pirado
De barriga vazia
E o sapato furado
Tudo tão exposto
A qualquer estação
Nem vou pensar
Que vai ser diferente
Comendo vidro
Eu tô comendo vidro
Comendo vidro
Mastigando e engolindo
A estrada é longa
Tão bom andar
Ontem ali
Hoje acolá
Não é fácil não
É mais que duro
É como comer vidro
E andar no escuro
A poesia num letreiro qualquer
O dom é necessário pro malabarista
Desses que extraem do organismo
Alimento para uma canção
Um blues ao sol, ao sol do meio-dia
Pulando de galho em galho
Na tela do computador
Como um risco de foguete
Em cada espaço uma explosão
Comendo vidro
Eu tô comendo vidro
Comendo vidro
Mastigando e engolindo