[Prelúdio] "A cada quinze segundos uma mulher é agredida no Brasil E a realidade não é nem um pouco cor-de-rosa A cada ano, dois milhões de mulheres são espancadas Por maridos ou namorados" [Refrão] Hoje, o meu amor veio me visitar E trouxe rosas para me alegrar E com lágrimas pede pra voltar Hoje, o perfume eu não sinto mais O meu amor já não me bate mais Infelizmente, eu descanso em paz! [Verso 1] Tudo era lindo no começo, lembra? Das coisas que me falou, que era bom sedução Uma história de amor, vários planos, desejos e ilusão E daí? Não tinha nada a perder, queria sair dali No lugar onde eu morava, me sentia tão só Aquele cheiro de maconha e o barulho de dominó A molecada brincava na rua e eu cheia de esperança De encontrar no futuro a paz sem tiroteio, vingança E ele veio como quem não quisesse nada Me deu um beijo e me deixou na porta de casa Os meus olhos brilhavam, estava apaixonada "Deixa de ser criança", a minha mãe falava Que "no começo tudo é festa", e eu ignorava "Deixe eu viver meu futuro" e, se pá, não dá nada "Menina boba e iludida, sabe de nada da vida" Uma proposta, ambição de ter uma família Entreguei até a alma e ele não merecia O meu pai embriagado nem lembrava da filha Meu príncipe encantado, meu ator principal Me chamava de "filé" e eu achava legal No começo tudo é festa, sempre é bom lembrar Hoje estou feliz, o meu amor veio me visitar [Refrão] Hoje, o meu amor veio me visitar E trouxe rosas para me alegrar E com lágrimas pede pra voltar Hoje, o perfume eu não sinto mais O meu amor já não me bate mais Infelizmente, eu descanso em paz! [Verso 2] Numa atitude pensada, sai de casa pra ser feliz Não dever satisfação, ser dona do meu nariz Não aguentava mais ver a minha mãe sofredora Levar porrada do meu pai, embriagado e à toa O meu irmão se envolvendo com as paradas erradas: c**aína, maconha, 157 Ah, mas eu estava feliz no meu lar, doce lar Sua roupa, olha só, tinha prazer de lavar Mas "alegria de pobre dura pouco", diz o ditado Ele ficou diferente, agressivo, irritado
Chegava tarde da rua, aquele bafo de pinga Batom na camisa e cheiro de rapariga Nem um ano de casado, ajuntado, sei lá Não sei pra que cerimônia: o importante é amar Amor de tolo, amor de louco, que foi que aconteceu? Me mandou calar a boca e não me respondeu Insisti foi mal, ele me bateu No outro dia me falou que se arrependeu Quem era eu pra julgar? Queria perdoar Hoje estou feliz, o meu amor veio me visitar [Refrão] Hoje, o perfume eu não sinto mais Meu amor já não me bate mais Infelizmente, eu descanso em paz [Verso 3] Quase dois anos, a rotina parecia um inferno Que saudade da minha mãe, desisti do colégio A noite chega, a madrugada e meu amor não vinha Quanto mais demorava, preocupada, mais eu temia Não estava aguentando aquela situação Mas hoje tudo vai mudar, ele querendo ou não Deus havia me escutado há uns dois meses atrás Aquele filho na barriga era esperança de paz Tantos conselhos me deram, de nada adiantou Era a mulher mais feliz: o meu amor chegou Que pena! Novamente embriagado E aquele cheiro de maconha, inconfundível, é claro Tentei acalmá-lo, ele ficou irritado Começou a quebrar tudo, loucamente lombrado Eu falei que estava grávida, ele não me escutou Me bateu novamente, mas dessa vez não parou Vários socos na barriga, lá se vai a esperança O sangue escorre no chão, perdi a minha criança Aquele monstro que um dia prometeu me amar Parecia incontrolável, eu não pude evitar Talvez se eu tivesse o denunciado? Talvez se eu tivesse o deixado de lado? Agora é tarde na cama do hospital Hemorragia interna: o meu estado era mal O sonho havia acabado e os batimentos também A esperança se foi, pra todo sempre, amém! Hoje, o meu amor implora pra eu voltar Ajoelhado, chorando; infelizmente, não dá Agora estou feliz, ele veio me visitar É Dia de Finados, muito tarde pra chorar [Refrão] Hoje, o meu amor veio me visitar E trouxe rosas para me alegrar E com lágrimas pede pra voltar Hoje, o perfume eu não sinto mais O meu amor já não me bate mais Infelizmente, eu descanso em paz!