[Verso: I]
Jamais perder a ternura, dar dura na ditadura
Que em tempos modernos o alter ego ainda é a tortura
Os campos de concentração são onde vivemos
E o que vemos? Auschwitz em reprise desde que nascemos
Crescemos em meio a precariedade
Por desnutrição crianças nem chegam a um ano de idade
Vítimas de um Estado covarde
Que tem suas bases fundamentadas na impunidade
É verdade, cê sabe, que o racismo é institucional
Vitória de preto dá enredo a piada nacional
E olhem quem nem brincam falam com fervor
Meu ódio é o ódio que o ódio gerou
Sou uma granada sem pino, nordestino sem nino
Que vai ao sul mandar tomar cu o fascista cretino
Meu tino traz justiça ao injustiçado
E dá voz ao sem voz ainda amordaçado
[Vinheta: I]
[Verso: II]
Desobedecer quando a ordem é ceder, entenda o porque
Lei de fora da lei, sei, é ir de contra o poder
Por isso me nego, não sou cego, foda-se o ego
Entre a razão e a emoção, a primeira me apego
Optei ser sério onde o sorriso é travestido
E tido como status de felicidade, tão mentindo
A manipulação vem de antes
Vem com Cabral e a catequese, reze nativo habitante
A dívida histórica é na raiz
Corromperam tradições, vilões fuderam o país
Como a conseqüência ia ser outra hein?! Hein?!
Ainda ofertam o mal se fingindo de bem
Se bem que a Old School já alertava
Cuidados com a TV e com o que o rádio veiculava
E ainda veiculam de modo cínico
Não te querem questionador e contestador com olhar clínico
[Vinheta: II]