[Noemi Jaffe]
O escritor precisa tratar as palavras como um pinto trata a tinta, como um escultor trata a pedra. Você precisa entender, reconhecer qual é a resistência que a palavra oferece á tua expressão, você não pode tratar as palavras como se elas fossem fáceis. E as restrições, os limites são muito libertadores, eles permitem que você desenvolva coisas que você nunca imaginava. Não são as ideias que guiam as palavras, são as palavras que guiam as ideias. A melhor maneira de explorar técnicas que já existem, a pessoa vai muito lentamente, gradualmente desenvolvendo seu estilo, a sua marca. Da mesma forma que você lê um texto do Guimarães Rosa, imediatamente você sabe que é dele, ou da Clarice Lispector. O Manuel Bandeira quando ele fala: "A poesia se faz tanto sobre o amor como sobre os chinelos", por que na poesia e na literatura, o que importa não é o que você diz, mas é como você diz. "Mas eu posso escrever "minúscula" depois de ponto final?" Pode. Tem uma frase do Kandinsky que eu acho maravilhosa, pra mim é a base de tudo aquilo que eu acredito em termos de arte, "Só é belo o que é necessariamente belo". "Ah, mas eu posso escrever trinta páginas sem virgula nenhuma?" Pode. Quando o leitor sente que essa transgressão, essa torção é necessária, então você atingiu isso que estou chamando de estilo, uma linguagem pessoal, que eu acho que é o mais importante. "Só consigo escrever uma página, como você consegue escrever duzentas?" A imaginação não vem de dentro de você, ela vem de fora. Agora, aqui, nesse exato momento estão acontecendo coisas incríveis, é só você olhar. Quem tem Google não precisa de imaginação