Em 1.940, lá no morro
Começaram o recenseamento
E o agente recenseador
Esmiuçou a minha vida
Que foi um horror
E quando viu a minha mão sem aliança
Encarou para a criança, que no chão dormia
E perguntou se meu moreno era decente
E se era do batente ou era da folia
Obediente eu sou a tudo que é da lei
Fiquei logo sossegada e falei então
-o meu moreno é brasileiro, é fuzileiro
E é quem sái com a bandeira do seu batalhão
A nossa casa não tem nada de grandeza
Nós vivemos na fartura, sem dever tostão
Tem um pandeiro, tem cuíca e um tamborim
Um réco-réco, um cavaquinho e um violão
Fiquei pensando
E comecei a descrever
Tudo, tudo de valor
Que o meu brasil me deu
Um céu, um pão de açúcar, sem farelo
Um pano verde-amarelo
Tudo isso é meu !
Tem feriado, que pra mim vale fortuna
A retirada de laguna, vale um cabedal
Tem pernambuco, tem são paulo e tem bahia
Um conjunto de harmonia, que não tem rival !....