Deixa andar, deixa andar Que vai prescrever, prescrever Deixa andar, deixa andar Alguém há-de pagar E levar com esta bucha Quando ela prescrever Pássaros voam no céu Sem descer aos que rastejam Se levantassem o véu Ias sentir o mal que cheiram Não somos todos iguais Há quem viva com amarras Agarrado pelas garras Da justiça que nunca vem Não somos todos iguais O sol nunca é pra todos Há quem não divida o bolo Que é do amigo ou da mãe Deixa andar, deixa andar Que vai prescrever, prescrever Deixa andar, deixa andar Alguém há-de pagar E levar com esta bucha Quando ela prescrever Somos livres quanto baste Nas janelas da vaidade Eles iludem mãos de barro Com a lenha que não arde Não somos todos iguais Não estamos no mesmo barco Esta vida é só um charco De alquimia e altivez Não somos todos iguais Somos inércia e miopia Na esperança que um dia Haja festa no Marquês Deixa andar, deixa andar Que vai prescrever, prescrever Deixa andar, deixa andar Alguém há-de pagar E levar com esta bucha Quando ela prescrever Eis que chegam os abutres P’ra começar a gritaria Eles só fazem ruído Com chapéu de ilusionista Não somos todos iguais Uns são mais iguais que outros Uns com tanto outros com pouco Nesta sina dos correios Não somos todos iguais O alcatrão tem outro aroma P’ra quem paga sempre a conta Do senhor dos bolsos cheios Deixa andar, deixa andar Que vai prescrever, prescrever Deixa andar, deixa andar Alguém há-de pagar E levar com esta bucha Quando ela prescrever Deixa andar, deixa andar Que vai prescrever, prescrever Deixa andar, deixa andar Alguém há-de pagar E levar com esta bucha Quando ela prescrever