1. Mãe, roubaram a minha infância Mas quero estar contigo mesmo sem esperança Neste chão onde me vejo deitado Vejo os meus 14 anos aí atirados Este sol intenso parece um castigo Tão novo que sou já perdi muitos amigos Ganga, Cassule, Kamulingue de facto Agora Juliana, Silvio, Inocêncio Matos Angola é sofrida, sei disso desde menino Só imagino qual será de muitos o destino A provisão de serviços públicos actuais Age de acordo com as elites locais A economia de enclave após a independência É produto da guerra e dos petrodólares, mãe pensa A justiça é cega e surda, apriori Com o sangue de Nfulupinga Lando Victor É assim que a mídia lava a loiça suja Para limpar o cú do presidente e a sua corja Os acordos elitistas parecem robustos em toda lugar É só vermos quem emagreceu e quem está a engordar. 2. Mesmo sendo criança, já não acredito Nesse Executivo maldito Em 75 a partida dos colonialistas Conjugou com uma guerra imprevista O que levou ao colapso completo e crucial Da indústria, economia agrário-comercial A economia formal e a informal para terem significado Devem ser duas dimensões de um todo interconectado A casa das leis trouxe políticas de cocó Aprovada em uníssono com a arrogância do Nandó Que desigualdade sem sentido Causada por um desenvolvimento extrovertido Obrigado mãe, por ser fruto do teu ventre Mesmo faminto, vivi do teu olhar comovente Mãe, a luta me tornou capacitado A segurança é uma questão de Estado Um país sem lei, é um país em declínio Despeço-me em lágrimas, subscrevo Rufino.