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O rock alternativo ascendente no cenário nacional encontra novos ares de inspiração na banda cuiabana, que trouxe Neil Young e Bob Dylan ao recente legado de Los Hermanos O ambiente serrano de Mato Grosso foi palco para um dos grandes nomes do folk rock nacional. Encabeçado por Hélio Flanders, as referências a Bob Dylan, Cat Stevens, Neil Young, Lou Reed e até Radiohead, se destacou por sua identidade, bastante brasileira com toques de folk, psicodelia e influências de Thom Yorke. O álbum começou antes mesmo de seu lançamento. Após alguns EPs que já atraiam atenção ao grupo, “Hey Yo Silver” saiu como single juntamente com duas outras canções — "The Cowboy Has The Money" e "There Are One Million Things That I Need To Know By Heart", que não foram ao disco. Abria os trabalhos do disco, mas também marcava outra ideia: canções em inglês não seriam mais o carro chefe e a banda apostaria nas composições em português. O que foi um acerto. Cantando em português, eles conseguiam ser mais originais, distanciando das meras “releituras”, inserindo elementos nacionais menos explorados e extraindo um resultado melhor desse caldeirão. Os caminhos abertos pelos cariocas dos Los Hermanos na música indie nacional foram importantes para toda uma geração, o que refletia no Vanguart. Porém Flanders e sua banda conseguiram dar um pa**o relevante para sua própria marca, conseguindo integrar suas composições cada vez mais interessantes em seu som cada vez mais robusto e único.”Semáforo” abre o disco de forma estonteante. A música é bem humorada e cantarolante na mesma medida que intriga — “Só acredito no semáforo/[...] Todos meus amigos querem morrer”. Em inglês, ainda se encontra boas faixas como “Just To See Your Blue Eyes”, “The Last Time I Saw You”, “Miss Universe” e “Hey Yo Silver”, já citada. Porém é em “Cachaça" — concorrente ao VMB de melhor clipe daquele ano —, “Antes Que Eu Esqueça” e “Para Abrir Seus Olhos” que o virtuosismo mais se aflora. A primeira, tocante, temática recorrente entre bandas do estilo, que sabem transcrever bem esses sentimentos, é um pequeno achado da música nacional da segunda metade dos anos 2000. A maturidade das composições se revela com cla**e; a segunda, é mais levada pro indie com uma pegada MPB e na mesma medida um belo lampejo — ”Mas o tempo é piada/Enquanto eu sou quase nada/E eu só penso em tê-la em mim”; e a terceira fecha o disco com pompas, despejando referências e composição em medidas inebriantes. O Vanguart é uma das grandes bandas do centro-oeste brasileiro, trazendo novas inspirações do rock alternativo nacional, carregadas nos trabalhos posteriores, traçando uma bela carreira, tanto no Brasil quanto no exterior, e foi o marco na história da banda a qual já se tinha tremenda expectativa, unindo indie, folk rock e brasilidades.