Fernando Tordo - O Emprego lyrics

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Fernando Tordo - O Emprego lyrics

Anda um homem a estudar Para um dia ser doutor Anda a aprender a aviar Aspirinas contra a dor Quando um dia for formado Sofre mais que toda a gente De tão bem alimentado Morre à custa do doente Sobe o bife e o faisão Mais a couve de bruxelas O espinafre e o melão O presunto as beringelas A lagosta e o salmão Quando a gente está doente é que são elas! Anda um estudante a marrar Para ser homem de leis E depois ver condenar Quem não tiver cinco reis Quando um dia vem a conta Dos preparos do notário Quem já tem a sua conta Paga a conta do otário Sobe a amante e a gasolina Mais o preço da gravata O colégio da menina A alimentação da gata o cachucho da Grãfina — E por isso a prisão não sai barata? Anda um homem a poupar Só para ganhar dinheiro E depois quando engordar Ter um lugar de banqueiro Quando chegar o cansaço De tudo quanto comeu Vomita apenas bagaço Do champanhe que bebeu Sobe a tensão arterial Sobe o nível da albumina Sobe a neura figadal Doença de gente fina Sobe a cirrose fatal — E o dinheiro é remédio que domina Anda um homem a alombar Durante uma vida inteira Para depois carregar Com o peso da canseira Anda um homem a pagar Todas as custas da sorte Para depois só ganhar O preço que tem a morte Sobem lágrimas aos olhos Sobem soluços ao peito E aos cabelos piolhos E percevejos ao leito — Mas também há vida aos molhos Para quem quiser subir está tudo feito.