Correste a dizer que o dia vinha às portas da saudade E cobriste de mil flores as varandas da cidade Ao cantar enrouqueceste mil canções feitas à toa Dançaste todas as ruas embriagadas de Lisboa Leste os clássicos do tempo como toda a novidade E a sonhar adormeceste no prazer da liberdade Inventando mil amigos Esquecendo velhos perigos Acordaste em sobressalto do teu sonho meio ferido Dos confins do pesadelo, no limite dos sentidos Soçobrado na ideia mais ou menos dolorosa Que te negavam medonhos o teu plano cor-de-rosa E na fúria dos enganados, na febre dos desvalidos Na razão dos maltratados entre abraços desabridos No delírio prematuro Ainda foste forte e duro Roda a espiral da história entre as garras da agonia Diz adeus, ó meu amor, que eu hei-de voltar um dia E deixo-te uma palavrinha para te lembrares de mim Perfumada pelo cravo, amanhã pelo alecrim Deixo-te uma palavrinha Para te lembrares de mim