Judite! recordas-me a outra… a outra que já foi embora, desvairada no meio da noite febril, correndo pela cidade. Persegues meus pa**os vadios no ardente ciúme nos amantes traídos; espreitas o fundo da escada, a entrada da porta, no escuro das ruas! procuras saber o segredo de novos amigos, de outros confidentes, vigias-me o sono tão leve e sacodes-me os ombros no melhor do sonho! apalpas em vão os meus bolsos tu cheiras-me o corpo apertas comigo; revistas as minhas gavetas, armas-te em protectora da santa família! disfarças por todos os lados, nos salões, nos bares, andas às escondidas, mas deixas por todos os cantos o perfume rosqueiro da mundana chatice! Judite! recordas-me a outra… recordas-me a outra senhora, tu lembras-me a louca da velha, Judite! às voltas pela cidade. Sorris como os apaixonados, na falsa clarividência do chato abstémio; esperas, paciente, no tempo, pairando no voo terrível da harpia! percorres na mecha a distância, herdaste do clã as carros artilhados, e escutas na bisbilhotice a conversa dos outros que não te conhecem! tu podes levar-me o que queiras tu sabes qual é o meu código postal, mais tarde acertamos as contas zelosa Judite! larga-me da mão! Judite! recordas-me a outra… do tempo da outra senhora, tu lembras-me a louca da bruxa Judite! rondando a minha cidade!