[Verso 1: Eduardo] Talvez na vida pa**ada tive a orelha cortada No rosto um F feito em brasa por fugir da senzala Ficou os resíduos cármicos da minha reencarnação E hoje eu que marco o doutor com o F de Facção No epicentro da tragédia sou Livro de Auto Ajuda Não ensino dar flor a quem te ataca de Bazuca Mutilado de guerra, sem vocação pra pinóquio Meu Oásis é sonda, eletrodo, antibiótico Quem maqueia a Hecatombe é cuzão, Playmobil Quer autógrafo, holofote com 1° de abril Nas peruas do DRE incinerando c**aína Não usa RG frio porque saiu sua preventiva Nunca teve a sensação do pé mexendo o dedo Na perna amputada por um tiro abaixo do joelho Vem a**istir a Telefunken de madeira preto e branco Chamar de lar quatro tapume no barranco Só ter futuro catando a Frontier da colunista Pra fazer treta em pó na Bolívia Canto pra um dia andar no carro por nós projetado Ver o DVD com a patente do favelado No vale dos ossos secos que eu piso Ossos não ganham carne tendões, nem espírito Ganham círculo de aço de pneu queimado Viram aroma de churrasco de humano calcinado [Refrão: Eduardo & Dum Dum] F.C. não é unanimidade, unanimidade é burra Pros cusão apologia, pra favela auto ajuda [Verso 2: Dum Dum] AM, FM é enxurrada de groselha Axé, Sertanejo, Pagode mela cueca Letras sem criatividade, preocupação social O mesmo hit em mil versões, fórmula comercial Música é prostituída, pra que Rap alto astral? Cusão, quer sorrir vai ver Zorra Total Quem vive vida tribal caçando pra comer Não quer ouvir sobre goro ou se come puta no rolê Nosso suór fez a Paulista, o teatro, o museu Mas na placa de bronze não tem seu nome nem o meu No seu paraíso o preconceito não é maquiado O branco tem melhor salário que o negro no mesmo cargo O linguajar do jornalismo é código pro meu supletivo Só com Pasquale traduzindo no pé do ouvido Como se em aramaico dissessem "Vou desfigurar você" E nós de chapéu sem entender, rindo pra TV Na cabeça do justiceiro joguei de Uru Mas sou menos periculoso que a dona da Daslu Não tenho dólares na Zorba, não recebo Mensalão Nem sou a Universal com 10 milhões em dízimo no avião Quero crer em Allan Kardec, que após a morte há vida Um plano onde as almas se encontrem um dia Me apegar no improvável talvez traga o conforto Pra aceitar as missas de corpo presente no morro [Refrão: Eduardo & Dum Dum] [Verso 3: Dum Dum & Eduardo] [Dum Dum] Século XX e bebida proibida Lei seca, Alcapone, hora extra pra legista Legalizada Smith & Wesson, só não protege mais o bar Faz o brinde, vira o copo só o que quer se matar Mas quem vai legalizar a galinha dos ovos dourados? Coca é propina seman*l pro sargento arrombado Lucro pra fábrica de arma, funerária, jornal Pra político, condomínio, guarda patrimonial Pra pobre é terno de tergal, véu, extrema unção Cartaz com a nossa foto em forma de caixão [Eduardo] Sei interpretar o sonho do fuzil automático Quis vender droga com meu logo no plástico Invandir a frequência dos coxinha no rádio amador Cola na boca e sua cabeça vai no isopor pro governador O homem com a mente é capaz de dobrar garfo Faz fugir pro exterior a família do empresário Preferi citar Hendrix, Maradona, Garrincha Alertar a favela sobre o álcool e a c**aína Citar que aqui plastifico o jornal do meu a**alto Prêmio no crime é ser lembrado, ladrão bom era o finado Compôr horror Stephen King não me fez realizado Queria contos felizes tipo Monteiro Lobato Na Prova dos Nove tenho mais filantropia Que o Hip-Hop ma**a de modelar da mídia [Refrão: Eduardo & Dum Dum]