Eduardo - O Locutor do Inferno - Entre o Paraíso e o Purgatório lyrics

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Eduardo - O Locutor do Inferno - Entre o Paraíso e o Purgatório lyrics

[Verso 1] Quando liguei pro meu filho e outra pessoa atendeu Meu coração me disse: "O pior aconteceu" Era um Pm informando que ele foi alvejado numa moto Depois de pa**ar atirando numa Base Móvel Não era engano, era outra típica armação Dos que quebra a própria viatura em manisfestação Fui pro Dp já imaginando seus restos mortais Na pia de um Núcleo de Perícias Médico Legais Pra minha surpresa entrou com vida num P.S. da Sul Porque uma Lei obrigou o verme esperar o Samu Corro em vão pra emergência do Hospital Não deixam eu ver o paciente sob custódia policial Doutor que tem que autorizar não tá no plantão Bateram com dedo de silicone o seu cartão Só no outro dia o vejo algemado numa cama Com tubo na garganta pra ventilação mecânica Um gambé me impede de ficar pra acompanhar Se acordar quer ditar versão pra ele decorar Não demorou pra a morte cerebral surgir no diagnóstico Com um pedido de autorização pra doação dos órgãos Mesmo abalado penso se for outro vantajoso laudo sem teste Sem reflexo da córnea estimulado com cotonete Tô indeciso porque o ato que salva 8 doentes Pode dar férias no SeaWorld pra quem vende pedaço de gente [Refrão] Não quero ser um coração na corrente sanguínea de gelo Nem suas córneas nos olhos que só enxergam dinheiro De um lado vidas do outro monstros com jaleco branco Quem sorrirá se eu decidir ter um gesto humano? [Verso 2] Toda mão pobre entra em bom estado neurológico Em uma semana vira candidato a doação dos orgãos Pra não sujar deixam sem monitoramento Depois alegam que o enfermo não reagiu ao medicamento Nesse prazo a família semian*lfabeta sem cabeça Já se acostumou com a ideia da perda Aí é só pegar o isopor com gelo E levar o rim pra Clínica que secrementamente atende estrangeiro Quem brinca de Deus em Unidade de Terapia Intensiva Ganha fotos nos corredores da cla**e rica Além de orgãos, as doutoras Virgínias do Inferno Geram demandas, empregos em funerárias, em cemitérios Junto com o tour s**ual nossa pátria repugnante Oferece pro exterior turismo do transplante É só fazer oferta pro Médico certo Que sua equipe coleta globo ocular até no necrotério Como eu queria ter a chance real De intoxicar um deles via sonda nasoenteral Dahora o bip acelerando no monitor cardíaco Enquanto o fim vai da narina ao estômago do maníaco É publico e notório, chegou baleado no hospital Se tornou um doador cadáver em potencial Não importa frase escrita no seu RG O órgão que interessar vão roubar de você [Refrão] Não quero ser um coração na corrente sanguínea de gelo Nem suas córneas nos olhos que só enxergam dinheiro De um lado vidas do outro monstros com jaleco branco Quem sorrirá se eu decidir ter um gesto humano? [Verso 3] Agora sei porque não dão informação Sobre o destino de um fígado ou um coração Já pensou que puta dia trágico, infeliz Descobrir que um gesto nobre salvou um Abílio Diniz Além de ca**ação no Conselho Federal de Medicina Deviam ter que doar seus órgãos em vida Desconfiado, vou pagar por outra opinião médica Quero ver se bate um par em si impresso em papel moeda O advogado a peso de ouro conseguiu a liminar Que permite tratar meu filho em outro lugar Desfiz do Corsa, dos movéis, da residência Pra arcar com o custo abusivo da transferência Como esperar do exame aonde a cura é vendida Aponta funções cerebrais em perda definitiva Pode ter sequela, bala alojada na ossatura Mas de forma alguma sai sentido sepultura Os infratores da Lei 9.434 Por pouco não depenaram mais um pra trocar de carro Só me resta rezar pra quem tá nesse momento Ligado à máquina de diálise, cilindro de oxigênio Avisar aos receptores que os órgãos a disposição Tão nas Sedes Governamentais da Nação Nas Casas Legislativas e no Pálacio da Alvorada Todos sanguessugas tem morte encefálica