Tal qual o velho Tejo e as águas p'ra depois, Aqui me tens na espera de quem partiu de mim. Em ti Lisboa eu vejo as horas de nós dois E sei não ser quem era num tempo antes do fim. Como eu, barcos parados cansados deste mar, Ocultam liberdades na frágil luz das velas Que às mãos doutros recados que o vento quis roubar Perderam-se as saudades, fecharam-se as janelas. Assim vivo comigo num rio de mim p'ra mim. Maiores os dias de hoje são menos que outros dias Talvez por ser abrigo dalguém que antes do fim Me chega e que me foge deixando as mãos vazias. E há tanto por dizer nas linhas desta dor Que a voz do que magoa confunde-me o desejo Aqui espero por ter o rio do meu amor Correndo em ti Lisboa tal qual o velho Tejo.