Foi numa ruela escura que encontrei A tal casa de fado da Mariquinhas Que de Alfredo Marceneiro Veio ao nosso cancioneiro Como sendo uma casa de meninas E com o tempo pa**ado Foi na voz da dona Amália Que a casa foi da desgraça às ginjinhas E que mesmo com um fado renovado Já não tinha nem sardinhas Depois veio a Hermínia Silva que cantou O regresso da saudosa Mariquinhas Mas foi sol de pouca dura Que mesmo sem ditadura Hoje em dia até as vacas são lingrinhas Agora veem meus olhos Que nem amor, nem penhor Esta casa está mais velha que as vizinhas! As janelas estão tapadas com tijolos E as paredes estão sozinhas Só um gato solitário no telhado E uma placa que está cheia de letrinhas: 'Vende-se' oca e esburacada Por fora toda riscada E encostada na fachada uma menina Mas esta não canta fado Só sabe fumar o cigaro e com o fumo Quando sopra faz bolinhas Não sabe quem já morou naquele espaço Ou quem foi a Mariquinhas E aqui estou eu à porta desgostosa Vendo a casa que está morta e em ruínas Por causa destes senhores Até já nem tem penhores Porque mais ninguém tem ouro nas voltinhas Mas se eu fechar os olhos E imaginar as farras Ainda se ouvem as guitarras E cantigas Porque a casa é a canção que sei melhor E vou cantar toda a vida Porque a casa é a canção que sei melhor E vou cantar toda a vida!