Ariel Feitosa - Quando o Pai Se Vai lyrics

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Ariel Feitosa - Quando o Pai Se Vai lyrics

[Introdução: Angel Duarte] Como vou deixar você..? [Verso 1: GOG] Ele partiu e no seu lugar ficou o vazio Me lembro bem o dia, nem se despediu Brigou, falou, sem pensar e saiu Foi melhor, nunca o vi tão hostil Meu sobrinho me disse que ouviu Ele perguntar(lá no bar) supletivo, pra que serviu? 5 anos desempregado, vivendo de bico É mais triste que o penalti perdido do Zico Vou deixar essas idéias de lado Vida é vida não é campeonato Mas na real, vou te confessar Pensei que ia voltar, cansei de esperar Em desespero eu andava em círculo E o natural veio de capítulo em capítulo Num cubículo minha mãe, meus irmãos e eu Sem água, comida, energia, no breu Num sofrimento sem par Hoje almocei, mas não sei se eu vou jantar Por mim, consigo aguentar Mas minha mãe não consegue mais amamentar E me vem na mente meu pai em coma alcoólica Desperto da viagem com o nenê sentindo cólica E agora, o que faço eu? Promessa pra São Judas Tadeu? Eu? Eu vou na casa daquela dona da parabólica Tirei a pipa da antena ela ficou eufórica Quem sabe me ajuda ou conhece alguém Pra dar um remédio pra crise do neném Acho que ela não está E agora como é que eu vou fazer pra voltar? Um rápido sorriso me vem no rosto Rindo de mim mesmo de dar gosto Vim resolver um e arrumei outro problema Pior duas horas a pé, que cena O lado bom é que vai dar pra refletir um pouco Ralei atrás de trampo esses dias feito louco Fui até em lugar que não era necessário Fui humilhado pelo empresário E do bolso gastei meu último troco Pra ouvir ele gritar até ficar rouco Sem qualificação, não tem produtividade Primeiro grau é diploma de imbecilidade Segundo grau perdeu a validade Tem que ter faculdade Esses cara falando, quase me arrasa Mas do jeito que dá sustento minha casa Não sei porque não respondi na mesma tonalidade Ninguém se qualifica sem primeira oportunidade Que o requisito principal é honestidade Que chegaria a qualidade, que tenho necessidade Esses cara, financiado pelo pai Chama a segurança e grita: Sai! Foi melhor eu ter me controlado Já pensou eu sair de lá algemado? Mato minha mãe de desgosto Não quero ver minha velha tomando soro no posto É umas fita que a gente pa**a que nunca imagina Só sei que, necessidade não é sina Vou falar igual ao zé, emprego eu escolho Chegando em casa vou botar os pés de molho Mas que nada, amanhã tudo vai se resolver De novo o choro agudo do bebê E de novo a deprê bate a ficha cai Quando o pai se vai [Refrão 2x: Angel Duarte] Como eu vou deixar você, se eu te amo? (Como vou deixar?) Como vou deixar..? [Verso 2: GOG] Do outro lado, no outro extremo da cidade História inversa é realidade A de um pai que honrou sua paternidade E que criou seus filhos mesmo com adversidades Tempestades não faltaram, na sua vida Quatro crianças pequenas, perdeu a patroa querida Colesterol elevado, pressão muito alta E na farmácia do SUS, o remédio sempre em falta Juntou-se a fome com a vontade de comer Assistiu o filme que eu não queria ver Heroicamente, não se entregou à bebida Mantendo a cabeça sempre erguida Enfrentou a saudade, o desemprego Por seus quatro moleques tem um apego! Evitando o trágico, disse não ao tráfico E no tráfego, trafegou testando seu ego Calça suja, camisa furada e chinelo Trabalhava do vermelho ao amarelo Chocolates, frutas, água mineral A senhora apavorada avançou o sinal Sobe a bolsa de valores vários pontos Some a bolsa com valores da madame, ela ao prantos Todo dia uma batalha sei o fato gerador Não se encerra essa guerra, oprimido e opressor Sai de casa antes do Sol raiar (Ninguém vê sair e ninguém escuta chegar) Final de semana pra ele era sagrado Não ia pro farol não lavava um carro Era dedicado à casa e aos filhos Dever de casa, manter os moleques nos trilhos Cada um tinha uma obrigação Levantar, dobrar cobertas, nada de lixo no chão Ele se irritava profundamente Com pai que faz filho e nega lá na frente Com pai, que não paga P.A Com o argumento que a mãe irá gastar Com batom, com salão Fazendo compras sem precisão Altas desculpas, pra não manter o compromisso Pra ele, os filhos não tem nada haver com isso Pensou em casar, mas não arrumou ninguém Que trata**e seus filhos bem Da forma que ele realmente queria E fez um voto que viúvo continuaria Acredita que a educação é necessária Apresentou pra eles a biblioteca comunitária Que ficava bem perto da sua moradia Um lugar que sozinha a criançada ia Não deixava ouvir rap, mas observador Pa**ou a prestar atenção nas letras e liberou Dizia sempre que a leitura Faz a pessoa mais inteligente e com cultura Foi vendo a criação dessas crianças Que pa**ei novamente a ter esperanças Numa geração em que poucos acreditam E que muitos impiedosamente criticam Isso me faz crer, que o hip-hop precisa dizer Que muito pai faz por merecer Que o filho contrai muita doença Com a sua ausência, sem sua presença Quero transmitir em primeira mão a noticia Que mais que repressão e polícia Toda geração precisa de incentivo, se não cai É triste ver, quando o pai se vai [Refrão 2x: Angel Duarte] [Finalização: GOG] Todo respeito ao seu Genésio Gonçalves Batista, meu pai Um grande pai!