Então, meia-noite, anjos emissários Em conta de sete, de aura azulada Falaram pra ele, punhando as espadas: És tu o escolhido, bispo do rosário Terás de fazer o teu inventário E reconstruir o universo sem par Pra diante de deus tu te apresentar Vestido em teu manto vermelho-centelha´ Entrou no hospício da praia vermelha Cantando galope na beira do mar Aí agarrou-se àquela missão Mas todos diziam que era loucura Sozinho a sentir a dor, a agura De ter de fazer a reconstrução De enorme tarefa e tudo à mão Só tinha sucata para começar Sem barro de adão pra ele soprar Só cacos de vidro e tacos de telha Ali no hospício da praia vermelha Cantando galope na beira do mar Juntando pedaços de panos, caixotes Com pregos, botões, colheres, canecos Flanelas, lençóis, agulhas, chinelos Brinquedos, moedas, um velho holofote Lutou contra todos, virou dom quixote Com lixo a empreitada pôde terminar Até que um anjo o veio buscar E aí, com meu deus, fizeram parelha Saiu do hospício da praia vermelha Cantando galope na beira do mar