[Verso 1: Zap-san] Menino raquítico vestido em trapos Não sabe nem o número que calça porque nunca teve um sapato Fi de louca e de um pai e bebum Ai se ele sem querer quebra**e aquela "51" Que mané palmada e castigo Era porrada na cara como se fosse tipo um inimigo Que sangra e não traz remorso Criança que não entende e ouve tanto a palavra divórcio Inocente, cedo aprende o que é ódio Sente que o lugar dele não é no pódio Tá entregue do jeito que o diabo gosta Sociedade má já faz suas apostas Ladrão, traficante, bandido (hum) coitadinho aí desse menino Sem estrutura nenhuma tá perdido Se pá ainda pode ser um a**a**ino Frio, pobre olhar não traz um brilho Se vê no espelho e quer ter cabelo liso Não entende porque seus amigos tem carinho E ele apanha tanto de quem deveria ser seu ídolo Que fuma cigarro dentro de um cubículo Pões as bitucas em qualquer orifício Dessas paredes, desse barraco ridículo O quintal é um matagal e o chão sem piso é batido [Refrão: Zap-san] Parece exagero, parece até um personagem de ficção Coisa de roteiro, uma história inventada uma criação (mas não, mas não) Muito se rastejou pra chegar aqui O quanto que chorou pra poder sorrir Seu tempos de moleque São marcas pra uma vida inteira Que lembrou e inspirou esse "flashback" [Verso: Zap-san] Ele queria ser o "Jaspion" mas Só pra se defender das surras do seu pai
Queria ter asas pra sair voado Pra não ter que pa**ar a vergonha de a**istir ele embriagado Constrangedor de mais Estar presente, ouvir e enxergar os escândalos que ele faz Sinceramente não deve ser fácil Ter que ser filho da piada ali do bairro Mas mesmo a**im, pra por as fichas no "Mortal Kombat" Ele olhava carros nas praias da cidade Já vendeu sorvete, não perdeu o ânimo Com dez já foi até ajudante de mecânico E inimigo da educação Pa**ava de série só com recuperação As vitrines eram a sua maior tentação E quantas vezes não levou uns bang no calção com precisão? Pra ele a palavra "vitória" Era quando batia e não apanhava na porta da escola Pra ele a palavra "futuro" Era matar umas duas aulas "depois" do recreio pulando o muro Pra ele a palavra "alegria" Se resumia na fita ca**ete dos Mamonas Assa**inas Pra ele "chance" é a vida, pra ele "paz" é uma pipa Pra ele "sonho" é aquele da padaria Mas como um jogo de bilhar Se a bola oito ainda não caiu, tudo tem tempo de mudar De se rebelar, façam as suas apostas Se foi pra traficante, nóia ou preso, errada a resposta O que bastava pra ele resistir Sua única chance foi crescer longe dali Hoje com vinte e sete, o resultado Sem pa**agem, crocodilagem E nunca experimentou na vida nem se quer um mísero cigarro [Refrão]