Paulão foi pro bar e disse que vai beber até morrer
Disse que tá com o saco cheio de ter que se vender
De trabalhar de dia pra tocar na madruga
Paulão é um presidiário planejando a fuga
Ele se sente um covarde, um vendido idiota
Que precisa achar coragem para encarar a própria sorte
Ele tá deprimido e sabe bem o que fazer
Paulão foi pro bar e vai beber até morrer
Paulão quer família mas não sabe ficar sentado
Paulão quer mobília, mas só vive chapado
E sabe que sua namorada está certa
Quando não aceita viver em função da sua loucura
Paulão compreende bem a doença e sabe que ela não tem cura
Ele tá com o saco cheio e é a**im que deve ser
Paulão foi pro bar pra beber até morrer
Paulão tá puto com as rádios vendidas que não tocam seu som
Ele sabe que a culpa é sua, coisa deste seu estranho dom
De falar do que todos fazem mas não contam
De escancarar o que está disfarçado nas novelas
De que tratam-se não de homens e mulheres, mas de cães e cadelas
Que uivam baixinho sufocando os desejos
Que querem dar e comer mas se contentam com beijos
Paulão é um cara errado e não sabe o que fazer
Paulão foi pro bar pra beber até morrer
Paulão olha em volta e só vê um bando de babacas
Eles tem medo da violência das armas e da crueldade gravatas
Sabe que a morte virá e teme que demore demais
Sabe que é forte e é isso que o irrita ainda mais
Se tranca no quarto e escreve uns versos sem luz
Espanca um velho retrato e pede ajuda a jesus
E sabe que o mundo é esta porra que se vê
Ei, Paulão: posso beber com você???