[Reflect]
Diz-me se vale a pena
Enfrentar o mundo
Combater numa batalha perdida
Ser a cor de uma rosa esquecida
Porquê ser mártir quando
O troféu é fruto de imaginação
Corta a corda que me prende ao cais
Deixa o vento levar os meus ideais
É um brilhar que se apaga
No balançar do tempo
Sinto o céu nos meus ombros
E tudo o que resta são cinzas
[Vanessa Ferreira]
Diz-me então se vale a pena
Enfrentar o mundo
Ter de viver sobre as regras impostas
Ter de lutar contra mágoas opostas
Não quero ser mais uma
Numa sociedade de desilusão
Quero ser alguém de destaque
Alguém que acerta na porta de embarque
Já não sei o que fazer
Eu tentei de tudo
Não preciso que tu me julgues
Apenas quero que tu me ajudes
Não podes tentar ouvir
O que nos diz o tempo
Recuperámos de fases perdidas
Fomos heróis em tantas guerras esquecidas
[Reflect]
Aguento a pressão, domino a pressão
Quem me quer ver de cara no chão
Punho levantado, queixo erguido
Honra e orgulho com que tenho vivido
Prefiro a insolência, dá-me o desgosto
Não vivo na base do que era suposto
Sou estrela na noite sem aparato
Lua que brilha no anonimato
Patamar longínquo, alheio ao toque
Fotografia tirada em desfoque
Vazio em reflexo que enche uma tela
Visão cega da história mais bela
Não temo, não receio, mas sei
Vejo que ainda não encontrei
A paz no porto por onde vagueio
Acende o rastilho que agite este meio
Ambição é soberba, a vontade é imensa
Escorre a paixão que a vitória compensa
Engano a corrente a cada detalhe
O rio seca à espera que eu falhe
Sou notado cunho naquilo que escrevo
Medido em altura, mas sem relevo
Pressão sufoca, rotina congela
Corro a cortina e abro a janela
Este quarto cinzento é um estado mental
Desvio padrão do fundamental
Solução não há, resposta divaga
Procuro o limite que o presente me traga
Nado no lago que nem colori
Sinto o vazio que outrora escolhi
Bato no fundo, sinto o impacto
Sou herói neste último acto