Era uma rua estreita, barulhenta
Com gente andando por todo canto
Ele pensou sonhar estar num cais
No cais do porto de Santos
Luminosos em néon colorido
Piscavam nos hotéis, bares
Restaurantes, boates
Dizendo nomes dos mares
Mas viu que era real
Que as mulheres o chamavam
Oferecendo o seu corpo
Cais do porto, cais do porto
De repente a voz
De uma mulher, Maria
Que parada à sua frente
Uma mesma frase repetia
Maria fazia poesia sem pensar
Ser poesia o que queria dizer
Na cama para os fregueses
Para si mesma sem querer
Maria inventava coisas lindas
Com as quais encobria
O nome dos s**os
E o que se fazia com eles todos os dias
Ficou famosa por inventar
Ser seu s**o um cais
O doce cais do seu corpo
Onde o s**o dos machos podia vir atracar
Ela via naquele homem
Com o olhar perdido
Vagando, sem a ver
Tanto pedido de prazer
E lhe dizia, e repetia
Cais do corpo, cais do corpo
O encontro dos dois
Apagou as ruas, os hotéis
Calou os luminosos
As boates, os bordéis
Tudo vinha em ondas
Arrepios, explodindo em gozo
Um dentro do outro
No cais do corpo, no cais do corpo
Como vem do mar
O barco navegante
No cais do porto atracar
Vem vindo do amor
O barco do amante
No cais do corpo atracar