Hoje é feriado
Não sei ao certo o motivo
Pode ser um santo extraviado
Pode ser um outro sujeito antigo
A quem um dia o dia foi dedicado
Hoje a ninguém interessa o porquê
Importa é poder pa**ar um dia sossegado
Ficar ao alto sem ter de estar em pé
Eu não quero estar sozinho em casa
Eu não quero sair à rua sozinho
Só ontem soube que hoje era feriado
E os meus ricos planos de actividade
Esfumaram-se, traídos pelo maldito calendário
Hoje é feriado
Não vejo nenhum sentido
Só se for um cristo estagiário
Talvez seja um primeiro-de-maio afectivo
Data que um dia eu, funcionário transtornado
Encasquetava fosse o mês um qualquer
Por me valer então o dobro do ordenado
Tão somente por ser capaz de me pôr a pé
Eu não quero estar sozinho em casa (...)
Hoje é feriado
Certo é que me escapa o motivo
Pode ser um feito extraordinário
Pode ser um facto extremamente aborrecido
Um esquecimento a merecer ser comemorado
Um episódio que convém ser esquecido
Algo digno de destaque num diário
Ou um apontamento chocho em rodapé
Eu não quero estar sozinho em casa (...)
Hoje é feriado
E embora não encaixe o motivo
Hoje é, sem dúvida, feriado
Apesar de meio torto estou
Relativamente objectivo