[Verso 1]
Quatro polícia na viatura, na madruga
Resolvem invadir uma favela na fissura
Não pensaram no pior, dinheiro e pó conduzindo a ação
(Operação?) Não, só uma incursão policial de rotina
Pegar traficante de maconha e c**aína
Já chegaram pronto pra atirar
(Bota as crianças pra dentro que a chapa vai esquentar)
Invadiram pela rua principal
A pista tava cheia, a**ustou o pessoal
Viatura de portas abertas e fuzis pra fora
Desembarcando, botando geral pra ir embora
Na ignorância, sem respeito
Enquadrando com o bico do fuzil encostado no peito
Do morador, do trabalhador
Que pagas seus impostos pra sofrer terror
Na mão de um policial fora de conduta
Que distribui porrada e chama de "filha da puta"
Encosta na parede e chama de suspeito
Agente da lei sem identificação no peito
Insatisfeito com o salário
Policial novo e comportamento arbitrário
762 destravado, agressivo
Descontrolado, todo alterado, mal educado
Que vai humilhando a molecada
Revista um por um distribuindo coronhada
Achou um baseado na mochila de um menor
O que já tava agressivo ficou muito pior
Os outros polícia começaram a mirar
Na direção da multidão que não queria se afastar
Que foi chegando perto dos moleque enquadrados
Deixando os policiais encurralados
Um que era soldado tava todo suado
Assustado teve alteração de visão
Achou que um celular era uma pistola na mão
E meteu bala no moleque que caiu todo fodido
Com um rombo de um tamanho de uma laranja na altura do ouvido
Ação desastrosa deixou o povo revoltado e a cena perigosa
Autoridade presunçosa, representação dos maus
Matando inocente, protagonizando o caos
Comunidade ficou monstruosa, furiosa
É a faixa de Gaza na Cidade Maravilhosa maravilhosa
[Verso 2]
Depois que perceberam que a merda tava pronta
Chamaram o reforço, a guarnição já dava conta
Já era tarde, tiraram foto, compartilharam
Mobilizando a comunidade que começou chegar pesado
Cercando os polícia e o corpo do moleque carregado
(Nego revoltado) O sargente mete dois tiro pro alto
Pra manter o pessoal afastado
Corre, corre, mãe chorando (Mataram o meu filho)
O despreparado puxou o gatilho
Destruiu uma família, levou morte pro lugar
O sargento dá mais tiro para a rapa se afastar
Inútil, nego tá puto
Mistura com ódio, revolta e luto
O reforço chega, naquela pegada violenta
É o batalhão do choque, o jato de pimenta
Tiro de borracha, dando cacetada
Dispersou a parte que não tava revoltada
Quem ficou, atacou, jogou pedra na viatura
Alguém tenta dizer que violência não é cura
(Tarde demais) Chega os homi de preto
Do batalhão de operações especiais
Faca na caveira, o rosto coberto
Distribuiu porrada em quem tivesse por perto
Usando bomba de gás, diminuindo o tumulto
A confusão não para, porque nego tá puto
Com o corpo do moleque no chão e a mãe chorando
Vários celulares apontados filmando
A cena triste que começam a postar
A foto do moleque segurando o celular
Rapidamente pa**aram a visão
(Vamos fechar a rua e fazer uma manifestação)
O Bope cercou de um lado, mas tava descontrolado
O trânsito principal já tava fechado
Motorista a**ustado engatando a macha ré
Começou o quebra-quebra, acabou a fé
Motorista roubado, para-brisa quebrado
Não foi esse o protesto que foi combinado
Ficou difícil segurar a multidão viu
O grupo mais nervoso queria tacar fogo no busão
Parou o coletivo, mandou geral descer
Meteram gasolina e botaram pra foder
É rápido, o fogo toma conta
O ônibus em chama, fogo de ponta a ponta
Com a labareda alta, geral saiu correndo
O ônibus virou um microondas derretendo
Violência gerou mais violência
Gente machucada, vida perdida como consequência
Naquele desespero com sede de vingança
Ninguém se ligou na coroa com uma criança
Que ficou no fundo do busão abaixada
Morreu toda queimada com a filha abraçada