[Verso 1] Direto do hospício que chamam de "favela" Aqui, mais um maluco que não acredita em novela Se a vida é bela, na tela, tudo bem Quem é louco como eu Veste a camisa de força, também Minha loucura é simples de ser compreendida Me transformaram em canibal, preto suicida Inconformado, Mensageiro da Verdade Vendo o povo agonizando às margens da sociedade Que ma**acra, destrói, humilha Transforma seu filho em ladrão e prostitui sua filha Te escraviza, te humilha, te mata Enquanto o verdadeiro ladrão usa terno e gravata Não man*seia fuzil, nem escopeta Mata milhões de brasileiros só com uma caneta Fica impune, não vai preso Ele não é pobre (não), não é preto Se for condenado, fica em cela separada Com televisão, frigobar e água gelada Criminoso com nível superior Financia a guerra, o ódio, o rancor A burguesia faz questão de não entender Disca 1-9-0 e manda os homens me prenderem O sociólogo me ouve e fica puto Diz que esse bagulho de rap é coisa de maluco an*lfabeto, ignorante, sem cultura Diz que quem é sábio Com favelado nunca se mistura Quem diria, que sabedoria! Estudou em outro país E agora tem pavor da maioria MV Bill, um maluco chapa quente Que não aceita as covardias, a**im, tão facilmente Eu tô ligado que a elite me odeia Me chama de bandido Me diz que mulher preta é feia Eu, na cadeia: sentiriam até pena Menos um problema, MV está fora de cena O pesadelo que a elite não quer ter: Bater de frente com alguém da CDD [Ponte] Trema na base quando vir o Bill Chama a polícia quando vir o Bill Aquele preto com o corpo tatuado Denunciando a pobreza e a miséria do Brasil (ai!) [Refrão 1] Tem muita coisa na TV que eu não curto Só mais um maluco, só mais um maluco Na hora de falar, eu nunca fico mudo Só mais um maluco, só mais um maluco Mandar os homens me prenderem me deixa puto Só mais um maluco, só mais um maluco Eu nasci a**im, por isso eu nunca mudo Só mais um maluco, só mais um maluco [Verso 2] A madame se a**ustou, a favela me deu dez
Quando eu entrei sem camisa, de pistola, no Free Jazz Pra quem duvida, ainda tem muito mais Eu faço apologia, não do crime e, sim, da paz Mais roupa branca, sem pensar na maioria Pedir paz sem justiça é utopia A guerra me parece inevitável Pra quem vive na posição desfavorável Sufocada, amontoada, aqui, no morro Se a população se revoltar, não grite por socorro É o armamento, o povo que vai se formar Veja seu descaso e arrogância no que vai parar Pode esnobar, quem vive de baixa renda Quando o sangue bater em sua porta Espero que você entenda E descubra que ser preto e pobre é foda Sociedade hipócrita Só lembra de ser brasileiro na Copa Fora da moda, em cima do toque africano Desobediente, troca o pente, enquanto eu vou falando Militando, declamando, rimando, versando Brigando, gritando, morrendo E, ao mesmo tempo, matando Meu país, cadê sua raiz? Aqui, o povo que não luta é chamado de feliz E segue à risca os padrões da burguesia A mesma que a**imila a dança com p**nografia Influencia minha sobrinha e sua tia Na frente do espelho, imitando a coreografia Incentivando a brutal pedofilia Eu creio em Deus Pai, todo-poderoso O único que me guia Se for pra ser feliz, a**im Serei maluco até o fim E se uma guerra amanhã estourar Sei de qual lado eu vou estar É muito confuso, é muito sinistro Quem causa a miséria, que jura ter amor a Cristo E, com seu ar superior, não tem respeito pelo gay Pelo idoso, pelo pobre e pelo preto [Ponte] Trema na base quando vir o Bill Chama a polícia quando vir o Bill Aquele preto com o corpo tatuado Denunciando a pobreza e a miséria do Brasil [Refrão 2] Tem muita coisa na TV que eu não curto Só mais um maluco, só mais um maluco Tem muita coisa no rádio que eu nem escuto Só mais um maluco, só mais um maluco E com vidinha de artista eu não me iludo Só mais um maluco, só mais um maluco Lá na favela, dona Maria tá de luto Só mais um maluco, só mais um maluco