"VOYOUS QUI DÉSHONORENT LA FRANCE." Assim Nicolas Sarkozy, então ex-ministro do Interior e futuro presidente da França se referiu ao grupo Sniper em 2003, muito pelo teor lírico do álbum "Gravé dans la Roche" (“Gravado na Rocha”). Embora, com o pa**ar do tempo ficou provado que monsieur Sarkozy andou desonrando bem a França. O Sniper sempre foi um grupo com fortes opiniões controversas, fundado em 1997 em Val-d'Oise (Distrito 95 de Paris) por Aketo, Tunisiano, Blacko e DJ Boudj, o grupo inicialmente se chamava "Personnalité suspecte" ("Personalidade Suspeita"). O Sniper acumula problemas com a justiça francesa por conta do teor de suas letras e também enfrenta críticas pelo forte discurso de apoio à Palestina na velha questão Israel x Palestina (discursos estes que, poderiam ficar de fora do rap, não é) Mas nem só de controvérsias vive o Sniper, o grupo já havia adquirido certa notoriedade com o lançamento do álbum "Du rire aux larmes" ("Do Riso às Lágrimas"), e, em 2003 se estabeleceram no cenário com o álbum "Gravé dans la Roche". Que, além de ser reconhecidamente o melhor trabalho do grupo, também é bastante lembrado pelas polêmicas com o governo francês. (Em especial, com Nicolas Sarkozy) "Gravé dans la Roche" trás um El Tunisiano enérgico, com rimas inteligentes (sem dúvidas o rapper de origem tunisiana é o grande destaque lírico do grupo), um Aketo, que tenta acompanhar a desenvoltura do seu colega El Tunisiano, (e até consegue em algumas faixas!), trás também um Blacko com sua notável levada de reggae (incrível como lembra o Marcelo Falcão), além dos bons scratches do DJ Boudj (que deixou o grupo após este álbum). Embora a produção instrumental seja apenas razoável, o excesso das melodias de piano acaba por soar repetitivo, porém, o violão em "Jeteur de pierres" merece destaque, o reggae-rap de "Trop Vite" também destoa positivamente, a**im como as cordas em "Y Pas de Merite" (parece ser o som de um koto japonês ou algo semelhante, honestamente, sou péssimo quando o a**unto é adivinhar instrumentos musicais)
Lançada como single, a faixa que deu nome ao álbum, "Gravé dans la Roche" foi amplamente bem recebida, a última linha de Tunisiano já resumia o que estava por vir: "Sniper, gravé dans la roche, on revient choquer la France" ("Sniper gravado na rocha, voltando a chocar a França”) de certa forma, o álbum até cumpriu o que prometeu. Embalada por uma melodia triste, a canção "Visions Chaotiques" trás uma reflexão do grupo acerca do mundo atual, a música fala sobre poluição, consumismo, guerras. A agradável "Trop Vite" ("Muito Rápido") apresenta uma levada de reggae cantada com muita melodia por Blecko (os arranjos e a melodia desta canção até chegam a lembrar a música "Súplica Cearense" do grupo O Rappa) A grande bomba sonora do álbum é a música "Jeteur de pierres" ("Jogador de Pedras"). Com rimas como : "S'établir dans une contrée, En devenir résident, se l'approprier, Y expulser ses habitants, misérables gens..." ("Se estabelecer em um país, tornar-se residente, se apropriar dele e expulsar seus habitantes miseráveis...") O grupo expõe seu lado no confronto Israel x Palestina. Provavelmente esta faixa levou Nicolas Sarkozy a dizer que o Sniper era "a vergonha da França." (Embora todas as opiniões, por mais distorcidas que sejam, precisam ser respeitadas, vale ressaltar que rappers/grupos na condição de formadores de opinião, precisam tomar cuidado com idéias disceminadas em suas letras, afinal, todo confronto possui dois lados da história) É inegável que Gravé dans la Roche é o grande trabalho da carreira do grupo Sniper até então, o álbum foi um sucesso, vendeu cerca de 600 000 cópias e, literalmente "gravou" o nome do grupo na cena francesa, embora não seja um disco tão incrivel que mereça figurar entre os melhores álbuns do Hip-Hop francês. As expectativas criadas antes do lançamento acabaram por deixar a impressão de que o disco poderia ser melhor NOTAS: