[Produzido por Marcello GuGu] [Verso 1: Marcello Gugu] A luz de mercúrio ilumina a sala, o cetim as lantejoulas Céu escuro igual nanquim, cheiro de amora e papoula Letreiros em neon brilham, duas da madrugada Entre sonhos perecíveis e paredes descascadas Palitos de fósforo, carreiras inacabadas Copos meio vazios de bebida destilada Pureza vulgar, heroína, paixão hedionda O faz velho como o mar, mas jovem como a onda Sua roupa cheira a química e camarins Sua face reflete eternas noites sem fim Impérios caem junto ao som da rodovia Madrugas longas que ele quase esquece a luz do dia Assinaturas tortas, discos de platina Nomes são cortinas que cobrem vidas cretinas Manequins mutilados, vitrola, vinil Semblante indefinido igual a um céu nublado em abril Salão vazio, fim do baile de debutante Entre plumas, paetês, Johnnie Walker e calmante Vive a vida em aviões e em quartos de hotel Vê as estrelas dançarem enquanto beijava o céu Fel com gosto de Vodca, affair sem convite Poesia em tempo de guerra faz da solidão um hit Fender Stratocaster , lenços de linho A casa fede a urina e a desinfetante de pinho Lustra moveis, cabos, pedestais de microfones Era Jimi, Morrison, era Janis, Jones As cordas ao contrário e o ego que envaidece E tinha os sonhos que o mundo tem quando o universo adormece
[Verso 2: Marcello Gugu] E Jimi respira fundo, aplauso, holofote, psicose A Foxy Lady sorriu pra ti!? Exagerou na dose Vozes de índio, nevoa purpura, viagem astral Vê a chama da vela dançar de forma sensual Olhar Las Vegas se afoga sem água em calafrio Solidão sóbria, agulhas e sangue arredio Delírio, convulsão, chá de lírio, ebulição Torniquete de couro, seringa e Jimi no chão O abismo chama destino, luz num carrossel noturno Seu corpo tá em Londres a mente em Saturno Sente o mundo inteiro, sua depressão chama ópio Procura nos astros olhares de caleidoscópio Entre day afters e bad trips Sonha em LSD na guitarra dedilha riffs Seus dedos levam as notas a orgasmos sonoros Faz amor com a musica no banco de um Comodoro Sofá queimado por bituca, som licor de Absinto Cheiro de éter nas paredes, acordes por instinto Febre em Fahrenheit, mapa pra amante perdido Toca as dobras do sussurro, perde o sentido Peônias japonesas, resto da janta num prato No teatro da vida Jimi encena o último ato Eterno Woodstock, hey Jimi hey jow Não te avisaram que overdose fazia parte do show? Seu suor é glicose, fim de um fetiche sucinto Um sonho morre numa cama, remédio e vinho tinto Jimi, seja bem vindo, como está se sentindo? Não necessariamente chapado, mas lindo