Ficamos horas a brincar sob a noite serena de verão sentindo a leveza do futuro na ponta dos dedos a confiança do absoluto e a alegria do presente em estrofes perdidas nos confins dos séculos num espantoso enlace com a beatitude e as ideias terríveis que nos a**altam o cérebro num faíscar de exaltação demente como se o desejo fosse magia na vertigem dos carros roubados para ir até à praia como se o sangue que corre mais forte em crescendos de angústia pudesse encharcar a terra e florir num outro espaço. Vertigem Depois estendidos no recato das dunas a memória dos dias olvidada em agulhas rombas ouvimos o jazz abrir a imaginação para deleites crueis e labirintos obscuros despertando monstros escondidos esvoaçando vampiros sanguinários por entre as sombras
da realidade num orgasmo de gritos sufocados e silêncios circulares a droga que nos ilumina a mente em torrentes de lava e espasmos descontrolados a encher a noite de fantasmas longínquos e rodopios sonoros o latido dos cães num sarcasmo de conto de fadas. Vertigem Tudo é negro menos os nossos olhos que dardejam luz no estupor da montanha incendiada pelo sol levante já os nossos risos nervosos soltos na velocidade da paisagem desfilam para trás num bater de asas aflito e a**ustado e o velho saxofone como sereia rouca em calores de perdição num sobressalto de vagas repentinas abafa o chiar dos pneus imprimindo correrias loucas ao granito macio da estrada com que o mar cava a areia até aos nossos pés. Vertigem