Ô, minha santa
Leva a fumaça
Que levanta a caravana
Ô, meu benzinho
Serve o carinho
Que atravessa na garganta
Ô, meu apego
Vai como um ponto
Na distância que desponta
Ô, baião de dois
Ô revelação
Lé com lé
Cré com cré
De mamando a caducando
De pegando a cafundó
Todo mundo vive só
(Todo mundo vive só)
Com que faca te feriste?
Com que amor te acostumaste?
De que impura fomitura
Tu provaste e aprovaste?
Com que vento interrompeste
Meu querer que provocaste?
Com que vinho te gabaste
Com que fúria arrepiaste
Na carreira dos destinos
Que certeira me regaste?
Com que espuma, com que bruma?
Com que feno, com que sono?
Com que filme, com que arte?
Ô, minha prenda
Leva a mentira
Põe e tira a minha venda
Ô minha preta
Por sentimento
É que me finjo de poeta
Ô, menina
Em tua rima
É que me ensino da narina
Ô baião de dois
Ô rebentação
Lé com lé
Cré com cré
De mais zelo e desmazelo
Da mirada ao atropelo
Todo mundo vive só
(Todo mundo vive só)
Meu sorriso tu me destes
(Lume que tu me alegraste)
Que furtiva comitiva
Dispuseste, acompanhaste
No alvoroço em que irrompeste
Qual caroço e tempestade?
Com que fel, qual azedume?
Que amargor, qual aziúme?
Na poeira dos destinos
Te abracei e me abraçaste
Com que espuma, com que bruma?
Com que feno, com que sono?
Com que filme, com que arte?