Dificilmente alguém não irá dizer que o nome mais conhecido e respeitado do rap nacional é o Mano Brown, um dos 4 pretos mais perigosos do Brasil. Com uma voz marcante, entrevistas que parecem aulas e a promessa de um álbum solo, que parece que finalmente deve chegar em 2016, não poderíamos deixar de falar deste MC de muitas faces.
Desde que circulam informações acerca de seu projeto solo, tivemos muitas músicas e participações que podem nos dar uma ideia de como "Boogie Naipe" deve estar. Romântico? Com rimas pesadas? Meloso? Com funk anos 70/80? Inspirado no trap ou funk carioca? Ou um pouco de tudo. Esperamos descobrir em breve, enquanto isso vamos falar de alguns momentos solo de destaque do Mano. I. Mulher Elétrica Ela dança, ela ri, ela quer curtir
Quer amar, quer beijar, quer se divertir
Ela manda, ela pode, ela é quem faz
Ela é funk, ela é samba, ela é mais, mais mais Uma das primeiras faixas solo oficiais do Mano Brow, que circula na internet desde 2008, foi "Mulher Elétrica". Apesar de ser uma faixa de rap, podemos ver a influência do funk e disco tão reforçada pelo MC. A letra busca a valorização da mulher, retratando não apenas um tipo de mulher, mas todas, e faz isso comparando ela a diversas coisas, como gêneros musicais, elementos da cultura negra e alguns nomes famosos. Além disso, como Brown revelou, esta faixa foi uma resposta às críticas feitas para a música "Mulheres Vulgares". II. Participação: "Mãos (Remix)" do Almir Guineto Mãos na cabeça o mão branca armou
Algemas prende a mão de um sonhador
Mãos negras, sinfonia funk
As mãos do rap não usam Mont Blanc Inspirado também pelo bom samba, em 2014, Brown fez uma participação no disco de um dos nomes mais importantes gênero, Almir Guineto. A versão com as rimas do Brown fica por conta da faixa "Mãos". A produção lembra muito a dos discos do Racionais nos anos 90 e a letra completa perfeitamente a ideia do samba de Almir. As muitas referências e an*logias com as mãos mostram diversos elementos da cultura negra e fazem críticas as desigualdades sociais. São poucos compositores de qualquer gênero que possuem essa habilidade do Brown. Como diria Lester: "A porra do rap é um jogo, só o Mano Brown que venceu". III. De Frente Pro Mar Eu me mantenho rappero no mesmo "batlocal"
Vejo os moleques crescendo até o outro natal
Até, a cara feia não finge, o que me aflige é
Dores do mundo que me atinge, né?
Para quem está preocupado com a pegada romântica e a influência do funk/disco no álbum solo do Brown, com medo de que as rimas pesadas não apareçam, talvez "De Frente Pro Mar" te faça mudar de ideia. Apesar da temática de amor, Brown solta rimas sobre sua habilidade lírica como se fosse uma declaração a prometida, tudo isso sem deixar de falar um pouco da realidade que ele observa ao seu redor. IV. Participação: "Benny & Brown" do Naldo Homenagem em fita amarela eu fiz
Roda de samba pra ela até
Problema dela ela não quisé
Pra outra favela tem quem me quer Talvez sua participação mais polêmica, "Benny & Brown" mostra a tal liberdade que o MC costuma lembrar em suas entrevistas. Benny foi completamente ofuscado, pelos dois versos do Mano. Sobre uma produção construída com elementos do funk carioca, o paulista não teve dificuldade de mostrar outra de suas qualidades mais marcantes: sua levada. Vale notar que, apesar de continuar com as temáticas que valorizam a cultura negra e relatam a vida na periferia, é possível verificar o lado romântico nas suas rimas - como este trecho em destaque. V. Participação: "Ruaterapia" do Rashid Amor, a rua é um jogo
É ferro, fogo, romance
Não faça, do chão não pa**a
Meu parça, inimigo é de graça Para fechar essa edição, temos a participação mais recente do Mano na faixa "Ruaterapia", no disco de estréia do Rashid. Chegando para ajudar Max de Castro no refrão mais melódico, Mano também deixa um verso em homenagem as ruas. Falando de amor e a fama, ele conta alguns de seus "segredos" para não ser seduzido pelas ofertas da "rua", ou melhor, da vida. No fim, 5 momentos não fazem jus a versatilidade do Mano Brown. No entanto, todas as faixas e participações lançadas pelo MC dão uma boa ideia do que vem por aí. Podemos esperar uma "Boogie Naipe" cheio de sons dançantes, rimas românticas e um Brown sem medo de errar.
Enquanto aguardamos, não deixem de conferir as páginas do Mano Brown aqui no site e nos ajudar a decifrar um dos poetas da rua mais profundos do rap nacional.