No meu quarto há uma janela Sobre um pedaço do mundo Na rua estreita Os prédios seguram o céu As caras de sempre Têm dias sorridente e outros sisudos Porque de alegria e de tristeza Cada um tem um pedaço que é o seu No meu quarto, pela janela, O sol entra em geometria Faz desenhos no chão Pinta-me luas na pele Rasga sombras teimosas, escondidas, A reclamar poesia E voa das mãos para a rua aviões de papel Há dias que sopram Os dias que vão Levantam asas Ou ficam em pedaços pelo chão
Há dias perdidos E outros sem fim A colar cada pedaço Do mundo que as partiu dentro de mim Nesta rua estreita Os prédios escondem o resto de escuro Os caminhos da noite, mais longe, No resto do céu Há em cada olhar A vaga certeza do mesmo rio ao fundo Mas por dentro do peito Cada um traz um horizonte que é o seu Há dias que sopram Os dias que vão, Levantam asas Ou ficam em pedaços pelo chão Há dias perdidos E outros sem fim A colar cada pedaço Do mundo que se partiu dentro de mim