Pedes-me um tempo
Para balanço de vida
Mas eu sou de letras
Não me sei dividir
Para mim um balanço
É mesmo balançar
Balançar até dar balanço
E sair..
Pedes-me um sonho
Para fazer de chão
Mas eu desses não tenho
Só dos de voar
E agarras a minha mão
Com a tua mão
E prendes-me a dizer
Que me estás a salvar
De quê?
De viver o perigo
De quê?
De rasgar o peito
Com o quê?
De morrer
Mas de que, paixão?
De que?
Se o que mata mais é não ver
O que a noite esconde
E não ter nem sentir
O vento ardente
A soprar o coração..
Pensa em mim
Dentro das mãos fechadas
O que cabe é pouco
Mas é tudo o que temos
Esqueces que às vezes
Quando falha o chão
O salto é sem rede
E tens de abrir as mãos
Pedes-me um sonho
Para juntar os pedaços
Mas nem tudo o que parte
Se volta a colar
E agarras a minha mão
Com a tua mão e prendes-me
E dizes-me para te salvar
De quê?
De viver o perigo
De quê?
De rasgar o peito
Com o quê?
De morrer
Mas de que paixão?
De que?
Se o que mata mais é não ver
O que a noite esconde
E não ter nem sentir
O vento ardente
A soprar o coração