Hoje a vida pa**a como um barco Ilha de náufragos esquecida no mar E o tempo é nada haver sentido tudo O que por nada ser nos faz mudar Hoje o mundo é o revés de um sonho Que um sono mais profundo fez esquecer Para quê querer das coisas a razão Se quase nada tem razão de ser O luar traz silêncios e disparos E carícias fugazes e horrores E morre-se num canto de um poema Por isso e outras coisa dão-se flores
Bebe-se vinho e dorme-se ao relento E liberta-se o grito que vier Pra se ouvir longe e perto, e dentro Conserva-se o silêncio, o que se puder E alguma vez ainda se acredita Na força da montanha céu adentro E na canção do mar por ser bonita E nas asas que inventa, cores ao vento Mas hoje voam pássaros sem asas Na terra desabrocham cores de guerra E hoje as flores rolam pelo chão Como se fossem pedras