O grito é a fuga do silêncio O prenúncio de um gozo ou um sinal de dor Pode ser um aval para o covarde Ou para a alegria olímpica do vencedor Não raro é um xodó de psiquiatras Ou simplesmente um deleite para quem gosta de gritar O grito, pai da palavra, sogro do pânico, primo do desespero Neto da vida e da morte, filhote do entusiasmo e da euforia A certeza da certeza faz o louco gritar A certeza da certeza faz o louco gritar A certeza da certeza faz o louco gritar Gritar, gritar, gritar
Grito de carnaval, grito de guerra Geralmente as vaias são o grito do minuto de silêncio Grita o coro da tragédia Gritam também as menininhas da platéia O grito é o mantra do condenado Ou do atingido pela sorte de um bilhete de loteria Grita a boca desgrenhada do ventre anunciando a fome Grita o pastor esconjurando demônios na sua liturgia A certeza da certeza faz o louco gritar A certeza da certeza faz o louco gritar A certeza da certeza faz o louco gritar Gritar, gritar, gritar