Cansado do movimento Que percorre a linha recta Fui ficando mais atento Ao voo da borboleta Fui subindo em espiral Declarando-me estafeta Entre o corpo do real E a veia do poeta Mas ela não se detecta À vista desarmada E o sangue que lá corre Em torrente delicada É a lágrima perpétua
Sai da ponta da caneta Vai ao fim da via láctea E cai no fundo da gaveta Ai de quem nunca guardou Um pouco da sua alma Numa folha secreta Ai de quem nunca guardou Um pouco da sua alma No fundo duma gaveta Ai de quem nunca injectou Um pouco da sua mágoa Na veia do poeta