...E eu que fui enjeitada
Só porque era furada
Me botaram um pau na boca
Sabão grudaram no furo
Me obrigaram a levar água
Muitas vezes pendurada
Muitas vezes num jumento
Era aquele sofrimento
As juntas enferrujadas
Fiquei com o fundo comido
Quando pensei que tivesse
Minha batalha cumprido
Um remendo me fizeram:
Tome madeira no fundo
E tome água e leva água
E tome água e leva água
Daí nasceu minha mágua:
O pau da boca caía
Os beiços não resistiam
Me fizeram um troca-troca:
Lá vem o fundo pra boca
Lá vai o pau para o fundo
Que trocado mais sem graça
Na frente de todo mundo
E tome água e leva água
E tome água e leva água
Já quase toda enfadada
Provei lavagem de porco
Ai mexeram de novo:
Botaram o pau na beirada
E a**im desconchavada
Medi areia e cimento
Carreguei muito concreto
Molhado duro e friento
Sofri de peitos aberto
Levei baque dei peitada
Me ama**aram as beiradas
Cortaram minhas entranhas
Lá fui eu a**ar castanha
Fui por fim escancarada
Servi de cocho de porco
Servi também de latada
Se a coisa não complica
Talvez eu seja uma bica
Pela próxima invernada
E inverno é chuva, é água
E eu encherei outras latas
Cumprindo minha jornada