[Refrão: Pop Black]
Nascer, viver, vender, comprar
Comer, beber, morrer, chorar
Já nasceu devendo, só vivendo pra pagar
E a dívida com a gente?
Diz quem é que vai quitar
[Verso 1: Renan]
Vão quitar ou não vão, hein?
Ouve aí
Tudo mundo é livre pra sonhar
E realizar também
Ter dinheiro pra poder comprar
Isso te faz tão bem
A gente paga e se ferra
Faz em trocentas parcelas
Economiza quase zera
Espera, também pudera
O carnê vale mais que o RG
E você tem que ter pra ser
Não basta crer, você tem que acre-cre-cre-ditar
A felicidade perto da sua mão
Não precisa ter dinheiro, faz uma prestação
Compra agora, corre, aproveita a promoção
Com desconto paga à vista ou então no cartão
Propaganda, prato cheio, qual que você quer?
Volks, Fiat, Chevrolet?
Sony, Philco, CCE?
Adidas, Puma, Nike Air?
E as pessoas sempre presas em alguma empresa
Tiazinha, vítima, não fica ilesa
Foi pega, pelo comercial da tela
Alegria dividida em 24 parcelas
Já era!
Aposentadoria dela já era
Já era!
Desconta direto na conta
Não espera, não tem boi
O banco cobra nem que for na marra
Não pa**amos de um número de um código de barras
[Refrão: Pop Black]
Nascer, viver, vender, comprar
Comer, beber, morrer, chorar
Já nasceu devendo, só vivendo pra pagar
E a dívida com a gente?
Diz quem é que vai quitar
[Verso 2: RAPadura]
O nordestino vai, vai, vai, vai!
Dívidas reais, dúvidas iguais
Juros anuais, só aumentam mais
Vai, vai, vai, vai!
Impostos mensais, ataques brutais
Salário que vai, não volta jamais
Conta de água e luz
Renda que reduz
Leva todo meu empenho e tudo que compus
Se alimenta do que tenho
Cobra desempenho
Lucro não contenho
Seu desenho vai fazendo jus
Saldo negativo pro trabalho brasileiro
Que dá duro o mês inteiro
E não vê nada no final
Não vê um real, crime ideal, juro imortal
Desconto atual, tira nada no total
Bem material que vai extraindo o alimento
Pagamento é um arrebento
Movimento desigual
Rendimento violento, sufocando o sentimento
De quem trampa todo tempo
O fundamento é igual
Pra que os sonhos se calculem
Horas extras que me saem
Quantas vezes se concluem
Tarifas que sobressaem
Sempre traem, trabalhadores
Vitrines que distraem
Reprodutoras de brindes que te atraem
Te contraem, vendem mais, nunca caem
Além do imposto que é imposto pelo seu oposto
Que não mostra o rosto
Ao povo fez um aborto
Depois que foi posto em cargo exposto
Pouco foi composto, gasto com conforto
Sem saúde, sem esgoto
Cadê o nosso dinheiro investido na educação?
Sem escola, sem emprego, fonte de alimentação
Pago muito em transporte, mas não tenho condução
Pago sem ter condição pra
Beber, comer, dever, viver, correr, fazer, morrer, querer e não poder
"Ordem e progresso" tá difícil de ver
Esse processo pro regresso
Sem ação, sem poder, por quê?
Cobra dívida da história
Com juros de quem explora
Escravatura de outrora
Não venderam a memória, ora!
Trabalhos rurais
Imigrantes fazem mais pelas suas capitais
Concretizam ideais
Constroem mais que sonhos e centrais
São expulsos como intrusos
Com a roupa e nada mais
Vai, vai, vai, vai!
Paga a nossa dívida sem preço
Isso é o começo da nossa cobrança
RAPadura não descansa
Em andanças, encurtando a distância
Gritando a importância de quem quer mudanças
[Refrão: Pop Black]
Nascer, viver, vender, comprar
Comer, beber, morrer, chorar
Já nasceu devendo, só vivendo pra pagar
E a dívida com a gente?
Diz quem é que vai quitar