[Verso 1]
Era dia 31, cê pediu pra sair
Fala com seu Ori, pergunta ali se já preparavam o terreno
Seu pranto incomum, era um canto pra subir
Ouviu-se aos quatro cantos seu choro sereno
Foge de daninhas, venenos
Afoito, luto por sonhos plenos em dias amenos
Ouvi dos adultos, oito colhendo frutos
Pequeno, matuto, não aceite o insulto
Você é preto e não moreno
Toma seu machado, o que quiser conquista
Corta o mal pela raiz, você colhe o que planta
Calado, sua cabeça é seu guia ou seu turista?
Leva água na cabaça, já é hora da janta
O futuro é incerto e o presente é muito breve
Por isso nunca carregue mais pa**ado do que deve
Cabelo solto e sem roupas, corpo e mente leve
Controle o barco e navegue, de vento em popa
[Refrão]
Oyá ê, vai viver
Se sorrir, fazer valer
Teu caminho vai dizer
O que a vida há de trazer
(2X)
O que a vida há de trazer
[Verso 2]
Karapá não era nada ao comparar com os cara pálida
Que vai encontrar, sozinho desvia de espinhos
Caminho na terra árida ao calar da noite cálida
Sua voz só se faz válida a**im que deixa o ninho
Um paraíso longe do terror, terra firme, tava logo ali, quando me
Vi entre crimes e filmes, perfurações ou perfumes
Sem capuz, me dispus a viver livre de
Ciúmes, chorumes e maus costumes
Entrei na fenda, abri espaço, salvei o pa**áro, fugi do gambé do gambá, ajeita o patuá a pé, cavei ali
Tirei a venda, olhei pra alto, o mundo é bem maior, voei e domei o javali
No céu um borrão, menino turrão, voltando pra casa imundo
Tímido, não carrancudo
Pa**eia no barracão, precisava de um empurrão pra conquistar o mundo
[Refrão]
Oyá ê, vai viver
Se sorrir, fazer valer
Teu caminho vai dizer
O que a vida há de trazer
(2X)
O que a vida há de trazer
[Verso 3]
Olhando mais pra Lua e menos pra vitrines
Não queira que as magazines aqui te ensinem
Assine um contrato com seu eu, mude quando e quanto precisar
Decline um contrato com quem não quer seu bem estar
Bolas de capotão no mato, contra capitães do mato
Mais de mil bolinhas de gude num saco
Fruta do pé, descalço, manso, riacho, banho, malaco
Num grude, mas fugindo dos buraco
Num barraco um velhaco maluco e seu tabaco
Ao fundo um som de cavaco, vivia sem perícia
Sua mãe preocupada com pequenino fraco
Hoje diz: “leva o casaco e cuidado com a polícia”