"Black is back", diz o sample de "Bring the Noise", do Public Enemy. Gus voltou com tudo, após um enorme hiato, fuzilando ouvidos com sua lírica bereta. Lá em 2001, ele soltou um dos versos mais quentes da história do rap nacional, na lendária "Um Bom Lugar", do deus Sabotage. Já em 2004, lançou um dos mais aclamados discos da história da cena brasileira: Babylon by Gus, Vol. 1: O Ano do Macaco. De lá pra cá, pa**aram-se onze longos anos, nos quais ele fez sons esporádicos, enfrentou seu dificílimo problema com drogas e álcool, perdeu amigos... Gustavo chegou ao fundo do poço, mas o escalou de volta. O retorno, cabe lembrar, se deve aos próprios fãs do Gustavo que contribuíram para um crowdfunding, no site Catarse. Foram 652 pessoas que entraram no financiamento coletivo, arrecadando cerca de R$46 mil para produção do CD. Com a campanha concluída, o rapper se "isolou" para combater de vez seus vícios e, a**im, conseguir compôr as músicas, para terminar o álbum. Terminada a espera, vamos ver o que a galera do Genius tem a dizer sobre o novo capítulo escrito por Black "A Lírica Bereta" Alien: Análises Apesar de "mudado", a genialidade do Gustavo, apresentada no Vol. 1, está presente neste novo álbum. Gostei bastante de ouvir este MC agora mais maduro e demonstrando muita consciência nas letras. Combinado a isto, a parceria com Basa, na produção, também me agradou muito, pois, além de trazer produções diferentes e interessantes, temos um álbum muito moderno. As participações também chamam atenção, um time de peso nos vocais e nas rimas. As principais faixas, para mim, foram "Rock'n'Roll", "Terra" e "Skate no Pé", mas, em geral, todas as faixas são bastante consistentes, mesmo a abertura e o fechamento mais poético. Enfim, por ser um projeto denso e com uma mensagem importante, não tenho dúvidas que será candidato a álbum do ano. Nota: 9,0 - kray 'Eu estou de volta', profetiza Black Alien. Desde O Ano do Macaco (2004), pa**aram-se 11 intermináveis anos. Dessa época pra cá, o cenário do rap no Brasil só cresceu, como ele próprio reconhece. Em épocas de pouca inspiração, Alien, em 2004, lançara um clássico, e seu legado é merecidamente reconhecido, o que poderia se tornar um fardo. Mas ele garante estar tranquilo quanto a isso: há pressão, admite, mas não é este o principal marco deste novo disco. A principal conquista, aqui, é outra: o 'renascimento' de um artista, e, principalmente, da pessoa Gustavo. ‘Te apresento a minha nova vida. Seja bem-vindo!', terminando a faixa introdutória, agradecendo o apoio de quem o ajudou e pa**ando a confiança de que está, sim, reabilitado. Agora, sóbrio, ele visivelmente preza mais o concretismo: versos retratando de forma realista a mensagem, sem os devaneios e metáforas do seu disco inicial. As rimas continuam em alto nível e, junto com a produção de Alexandre Basa, nos prende na incrível experiência que é sua audição. As participações só agregam às canções, encaixadíssimas. Alien voltou, recuperado, e com força de vontade criou mais uma obra incrível. O tempo, a digestão e o impacto do disco ainda precisam ser encarados para cravar se estamos em frente a mais um clássico, mas esteja certo que é uma das pérolas deste ano. Puro deleite. Bem-vindo de volta, mestre Black Alien. Nota: 9,0 - IgorFG O álbum já começa incrível, com uma introdução poética oral, à la Patativa do Assaré. Depois, vemos uma música, de fato: "Rolo Compressor", que é um dos destaques. Nela, Alien disserta sobre opressão, dizendo ser um "rolo compressor em favor do povo oprimido", numa base fenomenal de Alexandre Basa. Prosseguindo, temos o primeiro som que o rapper escreveu em total sobriedade: "Somos o Mundo", que merece atenção pela voz angelical de Céu, a participação de abertura do CD. Depois, outro highlight, de nome "Rock'n'Roll": em parceria com Edi Rock, ele destrói, com suas poderosas rimas, mandando linhas quentíssimas. Em seguida, vêm "Terra" e "Skate no Pé", outros dois destaques do álbum. A primeira, uma bomba lírica; a segunda, com dois features incríveis: Parteum e Kamau. Pulamos, agora, pra faixa preferida do próprio autor, chamada "O Estranho Vizinho da Frente", que conta diversas histórias dentro de uma só, nunca perdendo o afinadíssimo lirismo que ele possui. Finalizando, mais uma poesia falada: o outro "Cidadão Honorário", que traz agradecimentos à família e amigos, que o ajudaram a ser como uma fênix, ao levantar-se de suas cinzas. Extra: a capa é sensacional, inspirada, majoritariamente, no filme O Sétimo Selo, do gênio Bergman. No Princípio Era o Verbo é uma continuação extremamente intricada e linda. Pra mim, um clássico instantâneo que abre, com chave de ouro, a nova fase do rapper. Vida longa ao mestre! Nota: 9,75 - sixteenbars Veredito Final Fazendo jus ao primeiro volume da série Babylon by Gus, Gustavo "Black Alien" Ribeiro acaba de presentear os fãs com um dos melhores álbuns de 2015. Sem sucumbir à pressão e com bastante calma, como o próprio MC tem frisado em suas publicações em redes sociais, No Princípio Era o Verbo atende às expectativas que muitos fãs do rap nacional tinham criado nessa longa espera. Um álbum obrigatório para qualquer um que goste e acompanhe a música brasileira. A lírica bereta está forte e precisa como nunca. Nota Final: 9,25