Amigo Urso, saudação polar Ao leres esta, hás de te lembrar Daquela grana que eu te emprestei Quando estavas mal de vida e nunca te cobrei Hoje estás bem e eu me encontro em apuros Espero receber e pode ser sem juros Esse é o motivo pelo qual te escrevi Agora quero que saibas como me lembrei de ti Conjeturando sobre a minha sorte Transportei-me em pensamentos ao Pólo Norte E lá chegando sobre aquelas regiões Vai vendo só quais as minhas condições Morto de fome, de frio e sem abrigo Sem encontrar em meu caminho um só amigo Eis que de repente Vi surgir na minha frente Um grande urso e apavorado me senti E ao vê-lo Caminhando sobre o gelo — Porque não dizê-lo? — Foi que me lembrei de ti. Espero que mandes pelo portador O que não é nenhum favor, Tô te cobrando o que é meu Sem mais, queira aceitar um forte abraço Deste que muito te favoreceu O meu garoto já cresceu, dá cá o meu Dá cá o meu Que o meu garoto já cresceu Manda mais cem Que tu não negas pra ninguém Dá cá o meu Que o meu garoto já cresceu Manda mais cem Que tu não negas pra ninguém Dá cá o meu Que o meu garoto já cresceu Manda mais cem Que tu não negas pra ninguém Dá cá o meu Que o meu garoto já cresceu (Dá cá o meu) Dá cá o meu Que o meu garoto já cresceu Manda mais cem Que tu não negas pra ninguém Dá cá o meu Que o meu garoto já cresceu Manda mais cem He he he heh... Amigo velho, aí vai tua resposta Quem é pobre nesse mundo Sempre come do que gosta e o que não gosta Eis porque fiquei furioso Recebendo do amigo um tratamento desdenhoso Mas a minha raiva logo se reprimiu Eu não posso querer mal a quem tanto, tanto me serviu Tua cartinha causou-me admiração És perfeito na cobrança, como o gringo Salomão (Que vende roupa a prestação) Há muito eu andava persuadido Que tu eras um sabido Com carinha de otário Mas, hoje, tua cartinha relendo, Foi que fiquei sabendo
Que és expedicionário Fostes ao Pólo sem gastar do teu algum Enquanto eu fiquei sem nenhum Aqui na velha dura sorte Manda mais cem, eu sei que tu não negas E receba do colega Outro abraço forte Minha continha eu pagarei no Pólo Norte Manda mais cem Que tu não negas pra ninguém Dá cá o meu Que o meu garoto já cresceu Manda mais cem Que tu não negas pra ninguém Dá cá o meu Que o meu garoto já cresceu Manda mais cem Que tu não negas pra ninguém Dá cá o meu Que o meu garoto já cresceu Manda mais cem Que tu não negas pra ninguém - Que "manda mais cem" o quê, manda meu dinheiro aqui, rapaz! - Quê que é, rapaz, já te paguei quantas vezes... - Quê isso, não chegou na minha conta não, hein? - Ah, não brinca, tá la, no banco, vai por mim, tá no banco da praça. - Que praça, Moreira? - Praça Paris. - He he he he — a**im não dá, amigo urso, cadê o meu dinheiro, compadre? - Você é meu amigo ou amigo da onça, peraí, o que é que é? - Meu garoto já cresceu e até agora nada... - Tá estudando o garoto? - Tá, tá estudando, trabalhando, mas... tá difícil né? - Ah, o sucesso do pai é irreversível(?), eu conheço o Gabriel, (??) - Quê isso, amigo urso... - Parabéns, Gabriel, você é o maior do planeta! - Grande Moreira, tou é seguindo o seu exemplo aí, garoto... - É isso aí bicho, enquanto houver saudade, pensarás em mim! - Eu sei, agora... quero saber do meu... daquela grana que te emprestei... como é que fica? - Peraí, o que é que é, (??) tá gastando muito, Gabriel? I have to go... - Alguém pegou esse meu dinheiro... - (???), Gabriel, I have to go now... Now, I have to go, my friend... - My money! My money, please! - Money? Do you want your money? - I need, I need my money! - Depois eu converso contigo lá em baixo... embaixo do lençol. - Quê isso, Morei— he heh— não, aí não... - Bobeou, dança! - Valeu, Moringueira! - Oba! - Vamo nessa. (Dá cá o meu)