[Verso 1: Gabriel, o Pensador]
Atitude Consciente, estamos de luto
Parece que a lei tá morta e o respeito morreu junto
Respeito pelo direito das pessoas que nasceram com defeito
Chegam aqui com uma mão na frente, outra atrás
Uma vida miserável pela frente, nada mais
Pra essas pequenas pessoas muito se diz e nada se faz
O sistema que protege o povo é muito ineficaz
Ineficaz até de mais
Se ficarmos quietos nada se resolve
Consciência Urbana, pega o microfone e me devolve
[Verso 2: Consciência Urbana]
Nós somos o Consciência Urbana e viemos falar
De uma triste realidade que é até difícil de acreditar
Sobre a cachina de crianças na nossa nação
Os pobres filhos do Brasil, também nossos irmãos
Que são exterminados injustamente
Por soldados fardados, safados, armados até o dente
Que infelizmente tiram a vida de muita gente
Mas mudaremos isso com uma atitude consciente
[Ponte]
– Alô, Gabriel, o Pensador?
– Diga, homem, tô ligado, alô
– Fala em nome do menor abandonado
– Dá o microfone
– Falou
[Verso 3: Gabriel, o Pensador]
Eu sou menor abandonado, reprimido e humilhado
Antigamente eu tava apavorado, com medo de ser espancado
Mas agora não, ser espancado é normal
Apanhar covardemente é uma coisa natural
O medo agora é outro, é outro o raciocínio
É ser pego de bobeira por um grupo de extermínio
E acordar no inferno não é meu objetivo
Mas será que isso é pior que essa vida que eu vivo?
É essa situação do nosso menor carente
Aqui foi Gabriel, o Pensador, pela Associação Atitude Consciente
E as jovens de hoje, mães de amanhã provavelmente
Damas do Rap, leva daqui pra frente
[Verso 4: Damas do Rap]
Foi um final de semana prolongado
Invadido por homens armados, encapuzados
Sequestro, loucura, queima de arquivo
Isso faz parte da história, extermínio
Jovens que viviam em um meio social
Mas foram alijados de uma maneira brutal
Onde estão autoridades estaduais?
Que omitem várias histórias, verdadeiras e reais
É isso aí, mas a luta continua
Quem vai mandar agora é o N.A.T
Com vocês a voz de rua
[Verso 5: N.A.T.]
Uma pessoa morreu porque queria a verdade
Brutalizada por porcos, por porcos sem piedade
A violência, crueldade, [?], encapuzado
Secretário de polícia sentando, coçando o saco
Não gosto muito dele, não faz nada
Que ele não faz nada
Estar aberta a polêmica, a caçada é ferida
Quantas mais [?] irão perder suas vidas?
[Verso 6: Poesia Sobre Ruínas e Filhos do Gueto]
Vamos falar no todo, não vamos especificar
Todo dia, toda hora, em qualquer lugar
Mães choram a perda de seus filhos
Que por grupos de extermínio foram executados
Num julgamento clandestino
No qual foram condenados e sentenciados com a pena total
Dizimados
Como se não basta**e a miséria, o abandono
Agora são conduzidos a um eterno sono
E os autores são os ex-policiais
Agora vilões, que depositam nas crianças suas munições
Matam com frieza e não se comovem
Vítimas da pobreza são mortas enquanto dormem
É a**im que o Estatuto da Crianças é cumprido
Jogados nas ruas, desprotegidos, levando tiros
Ao invés de terem a**istência, entregues a delinquência
Não vou lhe julgar
Pois se que para isso não tenho competência
Mas eu lhes peço, por favor, paciência
Peço que se ponha no lugar delas
Para sabe como se sente cada mãe daquelas
Não adianta matarem menores pela cidade
Se ainda não pensaram nisso, agora eu digo pra vocês
Enquanto o sistema não der oportunidade
Aqui cês matam um, ali nasce mais três
Quero dizer que não é matando toda essa molecada
Que vocês vão acabar com a infância abandonada
Rap, verdade, sem meios termos
Poesia Sobre Ruínas e Filhos do Gueto
Somos da Zona Oeste e temos muito orgulho
Agora, finalizando, Geração Futuro
[Verso 7: Geração Futuro]
Pode crer
De armas em punho e atirando contra o morro
Duas crianças baleadas tão gritando por socorro
Tiro de escopeta pela madrugada
De manhã duas crianças foram exterminadas
Acabaram com o futuro do nosso país
Sua história não teve um final feliz
Matam menor, espancam menor, tudo pelo dinheiro
Papel numerado valorizado no mundo inteiro
MV Bill, Michel, Cidade de Deus com você
Extermínio de menor não pode acontecer