Meu rumo é a contramão
Viver com medo é bobagem
Sagacidade trouxe a visão
No gueto, o outono é selvagem
Pra chegar, disciplina
Se der mole na pista pode derrapar
Se liga, sem vacilo
Pois, se rolar vacilo, alguém vai cobrar
Sexta-feira e a lua ilumina a cidade
A madrugada é fria e sem piedade
Alguns parças tiveram sorte ao nascer
Mas eu, chapa, tiver sorte por nascer
Preto, pobre, cheio de fome no olhar
Mas filho do rei amparado por pai Oxalá
No Cruzerinho é uma chance, se pá
Não todo dia que sorte vem visitar
Desde novinho aprendi a respeitar
Respeito é bom, mantém os dentes no lugar
Filho de mães solteira criado sem pai
Só tinha revolta e o disco do Racionais
Um homem na estrada, hits dos marginais
Pretos inteligentes são perigosos demais
Eu sou a exceção que a sua cota não cobre
Sem esmola, vai, me dá a chave do cofre
Meu rumo é a contramão
Viver com medo é bobagem
Sagacidade trouxe a visão
No gueto, o outono é selvagem
Pra chegar, disciplina
Se der mole na pista pode derrapar
Se liga, sem vacilo, pois, se rolar vacilo
Alguém vai cobrar
Plantado de pé na esquina eu era mais um
De Nike Shox branco e azul
Responsa no movimento, olheiro da firma
Virado na madruga traçando a própria ruína
A base de cafeína, intervalo pro chá
Sempre na atividade, sem vacilar
Por aqui, Breaking Bad pisa devagar
Os moleque é muito mais pique Pablo Scobar
No fluxo da Vila, é sobe e desce
Minha vida mudou no rolê da quermesse
Rodas de capoeira, beat box e rap
Quebraram-se as fronteiras ah se eu soubesse
Que os meus versos e sonhos não eram viagem
E o meu o sorriso debochado, sinal de coragem
De pa**agem relatando conflitos particulares
Narrando histórias de um outono selvagem
(Maio de oitenta e dois, outono selvagem)