Vão dizer por ai que eu não sou palha
Mas qualquer fogo pouco me incendeia
Sou madeira ruim que não se entalha
Sou estrela sutil que não clareia
Nos jardins só a chuva é quem me rega
Vou no andor devagar que nunca para
Sou a folha que o vento não carrega
Tenho a chave escondida em pedra rara
Que abre portas janelas e sorrisos
Tenho os guizos pesados da saudade
No pavio luminada a claridade e argumentos honestos e concisos
Se uma vez eu fui ferro e fui navalha outra vez serei vidro e grão de areia
Vão dizer por ai que eu não sou palha mas qualquer fogo pouco me incendeia