Olá Rosa como vais
faz tempo que te não vejo
desde Alfama aos Olivais
dá-me um abraço e um beijo
(olá Rosa como vais)
Com o pa**o controlado
e o gesto distraído
vais comprando por ouvido
um “hambúrguer” que sabe a pescado
um pudim a esparregado
e o chouriço a coisas mais
quando o esgoto dá ao cais
faz enjoar de repente
anda aí gente doente
olá Rosa como vais
Tens os olhos consumidos
num anúncio de auto-estrada
e sabem-me a laranjada
os teus lábios percorridos
por ácidos e anidridos
dos produtos de sobejo
quem te fez esse desejo
em conserva e congelado
oh Rosa tens mau olhado
faz tempo que te não vejo
Já foste linda Rosa
agora já não o és
tu tens da cabeça aos pés
uma estranha simbiose
de amargura e glicose
arranha-céus de capitais
vão-se acabando arraiais
já os tascos estão fechados
só vejo supermercados
desde Alfama aos Olivais
Canta uma canção catita
não editada em ca**ete
nem daquele chato do Fausto
Pappeti
faz uma cara bonita
tu és a minha favorita
por isso vou a tua
com o coração em brasa
mas não me dês pasta de queijo
nem sopinhas enlatadas
nem pescadas congeladas
dá-me um abraço e um beijo