Eu tenho um fraquinho por ti,
tu não me dás atenção,
tu não me pa**as cartão
quando me ponho a teu lado.
Tremo nervoso de agrado
e meto os pés pelas mãos,
tu vais gozando um bocado
a beber vinho tostão;
- eu com o discurso engasgado -
fico a um canto, que arrelia,
de toda a cervejaria
onde vais rasgar a noite.
Se te olho com ternura,
olhas-me do alto da burra
que mais parece um açoite;
é um susto, um arrepio,
que me malha em ferro frio!
Eu tenho um fraquinho por ti,
que me vai de lés a lés,
tu dás-me sempre com os pés
quando me atiro enamorado.
Num estilo desajeitado,
disfarço em bagaço e café,
tu fumas o teu cruzado
e fazes troça, pois é;
- já tenho o caldo entornado! -
esqueces-me da noite pró dia,
em alegre companhia
de batidas e rodadas.
Tu ficas nas sete quintas,
marimbas, estás-te nas tintas
p´ra que eu ande às três pancadas;
basta um toque sedutor,
eu cá sou um pinga-amor!
Eu tenho um fraquinho por ti,
que me abrasa o coração,
quase me arrasa a razão
a tua risada rasteira.
Deixa-me de rastos à beira
do enfarte, da congestão
- encharco-me em chá de cidreira -
mofas de mim, atiras-te ao chão;
zombando à tua maneira!
lá fazes a despedida
ao grupo que vai de saída,
dos amigos da Trindade.
Mas no fim da noite,
à noitinha, acabas triste, sozinha
à procura de amizade
e, como é costume teu
chamas o parvo que sou eu!
afino uma voz de tenor,
ensaio um ar duro de macho,
quando estás na mó de baixo
quero ver-te arrependida!
mas numa manobra atrevida,
rufia, muito mansinha,
dás-me um beijo e uma turrinha
que me põe num molho, num cacho
- estremeço com pele de galinha! -
e gosto de ti, trapaceira,
da tua piada certeira,
do teu aparte final;
do teu jeito irreverente
do teu aspecto contente
do teu modo bestial.
Noutra palavra mais quente,
eu tenho um fraquinho por ti!