[Verso 1: Aliado G]
O tempo pa**a, o sol se esconde, e a lua não vem
Terça-feira, muita chuva, tá embaçado pra sair
Tá muito cedo pra dormir
No quarto da empregada um tesouro está guardado
Uma virgem, 13 anos, um tremendo mulherão
Isca fácil, preza fácil para o filho do patrão
Um playboy folgado que só dá valor a BMW que o pai lhe deu
Resolveu tirar o atraso com aquela inocente
Maria veio de outro estado
Ninguém tá do seu lado, sem família, educação
Sem escola, sem um lar, dependia do emprego
O fulano abriu a porta. Ela começa a rezar:
- Por favor me deixe em paz !!!
Tinha o sonho de se casar, ter seus filhos e seu lar
Ele manda ela se calar
E diz que no final ainda vai gostar
Violentou-a sem dó
Seus sonhos viraram pó
Não podia reclamar. Tinha medo de perder o emprego
Pa**ado algum tempo o resultado é evidente
Sua barriga cresce e a verdade aparece
O patrão diz: Maria, pegue essa grana e vê se desaparece
Atitude normal
Pra nós é muito natural
Ver rico dando esmola como se fosse hora extra
Nem pensou na conseqüência
O filho que vai nascer na rua sem a**istência
Maria agora está só, sem auxílio ou clemência
Deixa rolar
O mundo gira e até as pedras podem se encontrar
[Refrão x2]
Não ... não chores mais
Menina não chore a**im !
Não ... não chores mais
Procure à Deus, seu verdadeiro Pai
[Verso 2]
Faz 7 anos que o moleque nasceu
Pela idade é normal ir pra escola e tal
Já no primeiro intervalo
A brincadeira no pátio era polícia e ladrão
Agora tente adivinhar de que lado ele está
Lá na favela não existe empresário pra ele se espelhar
A polícia vai lá somente pra matar
Só vê miséria, tristeza e lamentos
Que se contrastam com os carros importados que descem na quebrada
É sabadão e os botecos estão todos lotados
Ele vê uma cena que o deixa chocado
Um pai tomando uma "ceva" com o filho do lado
Ele não se conforma ... não sabe quem é seu pai
Só tem a mãe e mais nada, que aliás vive ausente
Se tornou dependente do famoso mesclado
Não muito longe dali 6 tiros são disparados
Dois corpos são encontrados
Ele se revolta com tudo à sua volta
Na madrugada ele ainda está em claro
Ouve um barulho de carro. Sua mãe chega em casa vinda da balada
Bem loca não diz nada
Abriu a porta e desbundou
Parece um filme de terror
Mas é a dura realidade
Talvez dura demais para um moleque dessa idade
Agora já é tarde. Conselhos não adiantam
Não matam sua fome, ele prefere a cola
Não quer saber de escola
Entra no mundo do crime. Virou sua obsessão
Começou como avião
Moleque é sangue bom, se roda segura a bronca
Não cagueta o patrão
Com 12 anos de idade ganhou o primeiro "oitão"
[Refrão x2]
[Verso 3]
Rápido como um disparo pa**ou do 12 ao 157
Com menos de 17 ele já estava legal
Deu uma força pra mãe se libertar do vício
Comprou sua própria caranga, tem uma mina ponta firme
É respeitado no crime
Num 157 nervoso o mano é linha de frente
Já derrubou muita gente pra se levantar
A noite cai, a luz acaba, ele começa a pensar
Lembranças boas e más, seu raciocínio é confuso
Ele se lembra do pai. Do ódio que ele carrega
É um fardo muito pesado. Mais uma vez se revolta com tudo a sua volta
Mas tem um pressentimento que está perto o momento de sua vingança
Ao meio-dia, horário marcado, plano bolado, vigia enquadrado
Abriu a porta do escritório, o engravatado atrás da mesa
Parecia conhecê-lo, mas não tinha certeza
Com uma arma apontada para sua cabeça
O covarde abriu o cofre tremendo igual vara verde
- Por favor não atire. Eu acho que eu te conheço
O mano olha bem pra ele e tem a mesma impressão
O engravatado pergunta se sua mãe é Maria. Ele responde que sim
- Pode levar o que quiser, mas não me mate, eu sou seu pai
- Nem quero mais seu dinheiro. Seu sangue é meu pagamento
Vou cumprir meu juramento e vingar minha mãe
7 tiros disparados de um cano de 8 polegadas calibre 357
Foram 5 na cabeça e mais 2 no peito. O serviço está feito
Ele chega em casa, chama a mãe e diz:
- Mãe, guarde estas armas pra mim. Com elas não preciso mais atirar
Pois o fulano que um dia te usou e nos abandonou eu acabei de matar
Não não chores ...
[Refrão x4]