[Verso 1]
Mudar o mundo é impossível é o que a maioria diz
Engole a dor engole o ódio e tenta ser feliz
Muitas vezes já pensei sinceramente em desistir
Nessas idas e vindas da minha vida
Certo dia numa esquina
Fui separar uma briga, dois moleques de rua
Roupa velha toda suja, naquela calçada imunda
Retrato do descaso, produto da miséria
O clima se acalmou e nós trocamos uma ideia
No final perguntaram quem eu era
Sou aliado g, do grupo face da morte
Graças a Deus tenho família mano, eu tive outra sorte
E o moleque cantou um trecho do tático cinza
E perguntou pra mim: você já fez show lá em brasília?
Eu respondi que sim, ele todo sorridente
Então quando voltá lá leva um recado ao presidente
Pra não deixar mais a policia vir aqui bater na gente
Mandar comida pro sertão que o povo tá pa**ando fome
Aqui a gente se vira roubando bolsa de madame
Então vi os olhos deles brilhar
Mesmo sem ter um lugar pro coitado se abrigar
Do frio e da chuva, apesar
De sua coberta ser a lua ele é o futuro da nação
É a esperança deitada numa cama de papelão
Que divide a calçada com os vira-latas
Que atravessa as madrugadas geladas e tem amor no coração
E ainda pensa na fome dos irmãos do sertão
Infelizmente essa é sua rotina
Dessa maneira leva a vida ate a próxima chacina
Ele é apenas mais um que o imperialismo extermina
É por essa e outras que não posso parar
Preciso continuar minha luta contra isso
Já sei qual o caminho
Já conheço o inimigo
To ligado sangue bom também sou cheio de defeitos
Mas não posso me cansar porque não tenho esse direito!
Mas não posso me cansar porque não tenho esse direito!
[Verso 2]
Eu acho que realmente o presidente pensa que o povo pa**a fome
Só de sacanagem, só pra derrubar sua popularidade
Realmente ele é um Covarde!
Quando Cabral chegou gritou "terra a vista"
Puta que pariu hoje é a prazo que ele vende o brasil!
Às vezes eu paro e começo a pensar
Refletir sobre essa huerra e an*lisar os fatores
Geradores da miséria não tem como não esbarrar na questão agrária
Uma senhora certa vez me perguntou se eu era
A favor dos sem terras, mas é claro que eu sou, com muito orgulho
Ela me disse eu também não sou contra
Mas pra que tanto barulho, bagunça?
Eu acho que eles agem errado, é
Quem tem dinheiro não conhece o desespero que existe por ai
Tipo Lá no Piauí do Oiapoc ao Chuí, é fácil para julgar
Quero ver a senhora ficar
Três dias sem comer sua barriga vai roncar
Ai vai ser outro barulho que vai te incomodar
Você morre de fome ou vai roubar?
De repente se pá vai tirar sua bunda gorda do sofá
Vai correr junto dos caras para também se manifesta
Me desculpa sangue bom eu preciso desabafar minha tristeza, minhas dores
Eu consigo extravasar através das lágrimas
Até esmo num sorriso
O que eu carrego comigo são as dores dos outros
Disposição até o osso não me falta pra lutar!
Não sou exagerado por pensar desse jeito
Sou um doido sonhador que busca um mundo perfeito
To ligado sangue bom, também sou cheio de defeitos
Más não posso me cansar porque não tenho esse direito!
[Verso 3]
Será que alguém pode me esclarecer
O que se faz com um bilhão que um milhão não possa fazer?
Só pode ser essa ganância elitista
Somos o maior país da América latina, mas fazemos tudo errado
Somos o maior e temos o menor salário
A América do norte quando libertou os escravos
Ainda deixou 40 alqueires e uma mula aos humilhados
Más por aqui, como sempre a ganância vem primeiro!
Rapidinho, rapidinho aprovaram a lei vergueiro
Para fuder como os poceiros garantindo a terra título
E não pela ocupação
Aí libertaram os escravos e jogaram na miséria
Criando a**im nossos primeiros sem terras!
O que um dia foi quilombo hoje em dia é favela
Estabelecida sobre a terra, mas abaixo da miséria
Infelizmente, é o que sobrou pra nossa gente
Para mim a favela é um acampamento permanente
Que ainda não se organizou politicamente, francamente
É um absurdo ver o povo
Vivendo a beira de tudo e não ter acesso a nada
Vivendo em meio às cruzes, à beira da estrada
Movimentada por onde pa**a
Quem tem aonde ir
Não sei como mesmo a**im encontram forças pra sorrir
São brasileiros tanto quanto eu e você
Só querem terra pra plantar o que comer
São puxadores de enxada que infelizmente não tem pátria, seu moço
Se deus não tiver dó amanhã não tem almoço
É impossível ver isso tudo e me fingir de cego e surdo
Sozinho é impossível
Então vamos todos juntos
Se cada um de nos fizer sua parte, a gente muda esse mundo
To ligado sangue bom também sou cheio de defeitos
Más não posso me cansar, eu não tenho esse direito!