[Verso 1: Eduardo] Que fique cego olho que me vigia Que fique muda a língua que me denuncia Que um derrame paralise o pé que me persegue E um câncer ampute a mão que me aponta a Intratec O boneco de ventríloquo quer interagir no que vai sonhar Sem bracelete de condicional no calcanhar Cadê o Procon, a defesa do consumidor? Meu livre arbítrio nunca funcionou Não sonhei em pular da laje em fuga da Samaro Com as coronhadas até o cérebro formar coágulo Nem em michar com grampo a fechadura do inimigo Metralhar toda a família, só poupar os filhos Quis fazer direito sem ponto no ouvido, na prova Sem alguém pa**ando o gabarito com as respostas Pra não ter doença ortopédica por dormir na calçada Nem a sopa na caixa Longa Vida reaproveitada Hoje sonho com as obras de arte da família Lafer Vai puta, não embaça, cadê o Portinari? "Tó menor, a Rossi Cyclops com aparelho ótico Puxa o gatilho, se sujar cê sai logo" Seu sonho de Academia Brasileira de Letras um dia Vira sonda urinária e soro irrigando a bexiga Com Lorenzetti queimado no banho, no inverno Sonho em ser Oswald mandando o presidente pro inferno [Refrão] Não trocaria tiro com Deic de Uzi israelense Se eu fosse livre pra sonhar Não raptaria da van escolar os filhos do gerente Se eu fosse livre pra sonhar Não venceria só com show business ou chuteira da Penalty Se eu fosse livre pra sonhar Faria andar no barro o Rolls-Royce do presidente Se eu fosse livre pra sonhar [Verso 2: Dum Dum] A Block Buster não aluga DVD pra você O McDonald's não faz Big Mac pra você O designer da Ford não desenha pra você O Hopi Hari não quer brincar com você Pro seu endereço as lojas, Copagaz não entrega As cartas não chegam, o patrão não emprega Quem sonhou com jantar no pote de margarina Em servir café no copo de ma**a de tomate pra visita Em ver a mãe presa no Extra roubando cosmético
Em ligar extorquindo cartão telefônico do comércio Que tal cê dando audiência pra novela das oito? Moscando nas fofoca da bicha do Leão Lobo E na cla**e um 486, sem Banda Larga Acaba aula sem abrir a página na internet discada Uma biblioteca pública pra 3 milhões na Zona Sul Os bico linchando quem matou o vigia do Itaú Vi minha mãe ouvindo Gil Gomes no rádio AM Sonhando que eu não fosse outra vítima dos PMs Mas com farmácia popular, Fome Zero, Bolsa Família Meu destino é o setor de traumatologia Respirando por aparelho o rival enquadra e atira em mim Depois no bar em 15 minutos, ri, joga pebolim Aqui se o teste de gravidez der positivo A mina sonha com alguém pra comprar seu filho [Refrão] [Verso 3: Dum Dum / Eduardo] [Dum Dum] Boy, você fere o corpo, mas a mente não aprisiona A frase de Ghandi ecoa no som da sanfona No repique, timba, cavaquinho na quermesse No palco improvisado, na rima do rap Emociona meu povo rindo, mesmo na mira do AK russo Já o seu com a queda da bolsa, corta os pulsos Cohab, CDHU, BNH, em SP vira ABC, CDP, CRP Sonho de rico é meu pivete mijado na creche Sem xampu Johnson, Hipoglós, Higiapele Minha mulher de conjunto desbotado de moletom Unha sem manicure, cabelo sem Koleston [Eduardo] Essa é a química pra Yakuza, Camorra, PCC Tríade chinesa, Organizacija, C.V Pro boy fazer crave maga, direção defensiva 16 horas de curso de prevenção na polícia A cada grama traficada no Jardins me sinto vingado Vendo o rico pra não morrer matando o filho usuário O abismo social pisca em néon em lnterlagos Pobre vê o Rubinho do telhado e a elite do alambrado No dia do desarmamento 09 de julho Que eu não seja a estatística na caçamba de entulho Sem datiloscópico indigente sonhando em ser exumado Pra ter um nome na lapide e um retrato [Refrão]